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· PRÓ-EXISTÊNCIA
- ao Peninha
Jobàn
articulista@ubaweb.com
A boemia chorou
a poesia pôs luto
a cerveja congelou na geladeira
a notícia se espalhou e em plena terça-feira gorda
os amigos prantearam sua desdita
os inimigos aplaudiram como nunca
Mas você surpreendeu a todos
aparecendo como se nada tivesse acontecido
pois nada havia acontecido
não tinha sido a sua hora
mas saiba que alguém
na madrugada triste
de uma quarta-feira de Cinzas
tentou compor um poema "In Memoriam"
mas foi com alegria
que escreveu uma poesia "Pró-existência".
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· O MEU CORAÇÃO VALE OURO
Herbert Marques
hmarques@iconet.com.br
Sem dúvida a moda do momento é o coração. No Brasil mata pessoas ilustres e um congresso internacional realizado no Rio de Janeiro deixou os leigos perplexos com o poder de mandar para o inferno tão pequena maquininha instalada no centro do peito e até então presumivelmente responsável pelas paixões ou dores de corno.
Mais quais são as causas que tanto danificam nosso pobre coração, indefeso ao ataque de fatores cotidianos, dos nossos hábitos, ou até mesmo dos nossos avós cujo nome ponposo é de herança genética?
Será que os tais fatores cotidianos são aqueles que chamam de estresse? Se for, confesso que estou fora dele porque me policio diariamente para que ninguém me encha o saco e se quiser enche-lo, fique certo, estou preparado para encher o dele primeiro.
Esta defesa aprendi com meu velho pai que sempre dizia: Esperto é aquele que transforma a lamúria do alheio em piada do cotidiano, a tristeza e infelicidade do vizinho em exemplo do não fazer, a morte do parente em alívio para seus herdeiros, a sacanagem do amigo em votos de boas festas.
E o nossos hábitos? Será que a tal história de comer uma carninha no churrasco do vizinho faz todo aquele mal que andam falando? E o uísque de doze anos com gelo, será mesmo que entope as artérias? Ah...têm médicos que dizem que tudo isso pode ser feito com muito prazer e sem prejudicar nossa maquininha, contanto que seja com moderação, e têm outros radicais que dizem que não. Tem que ser abstinência total. Em quem vou acreditar? A prudência manda dizer que são os primeiros. Assim faço.
Finalmente, e a tal herança genética? Sei que um meu avô morreu com trinta e poucos anos deixando uma penca de filhos pra minha avó criar. Morreu de repente, lá pelas bandas do nordeste e nunca se soube ao certo do quê. Meu outro avô fumava cachimbo, tomava uma pinga lascada e morreu com quase oitenta anos, também de morte morrida. Apagou.
Confesso que até agora não descobri o que de herança genética me deixaram, mesmo porque meu pai chegou até os noventa e minha mãe morreu de outra coisa que não fosse a pifada da maquininha em questão.
De qualquer forma, ficar alerta é a constante. Casa de farinha pouca, meu pirão primeiro. Se a moda é tratar do coração com carinho e apreço, assim façamos, certamente sem o radicalismo da abstinência total daquilo que é bom - uísque com gelo, cerveja gelada, carninha no churrasco do vizinho -, mas também sem os exageros daqueles que pensam que nossos avós nos legaram um código genético perfeito, imune a qualquer extravagância, por melhor que ela seja ou nos dê prazer, um código que nos permita ser imune aos enchedores de saco e a todo tipo de urgia, das mais sadias as mais nefanda. Afinal, definitivamente o meu coração vale ouro.
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