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Ano 1 - Nº 8 - Ubatuba, 17 de Maio de 1998
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· Do mundo
  Prá Paraty
  Para o mundo

    Pedro Paulo Teixeira Pinto
    articulista@ubaweb.com

Grupo Contadores de Estórias

Desde as grandes máscaras que caracterizavam os primeiros trabalhos dos Contadores em 1971 até os bailarinos que hoje compõem suas produções mais recentes, passando pelos pequenos bonecos quase vivos que tornaram o grupo conhecido, os Contadores de Estórias foram e continuam sendo um grupo dedicado ao estudo, à exploração e à descoberta dentro da linguagem cênica. Por isso mesmo em 1981 se estabeleceram na pacata cidade histórica de Paraty, onde sem o burburinho da cidade grande, podem se concentrar no seu trabalho. No entanto, amantes da contradição e do inusitado, mesmo morando em Paraty, nunca deixaram de ser inveterados viajantes e cosmopolitas, pois a partir daí, têm levado seu teatro através do mundo, apresentando seus espetáculos em teatros de Nova York, Los Angeles, Paris, Londres, Amsterdam, Munique, Lisboa e muitas outras cidades, e participando de importantes festivais internacionais como o de Nancy na França, o de Montreal no Canadá, o de Liège na Bélgica, e o Next Wave Festival do Brooklyn Academy of Music em Nova York, festival que consagrou Bob Wilson e Pina Bausch e que é considerado como a grande meca americana da arte de vanguarda. E pelo Brasil em temporadas esporádicas no Rio e em São Paulo, e em festivais como o de Ouro Preto, o de Salvador e o de Porto Alegre, sempre muito festejado pelo público e pela crítica.

Animadores dos Bonecos

· Marcos Caetano Ribas
Nascido em 1947 em São Francisco, MG. Diretor do Grupo Contadores de Estórias desde sua criação, em 1971, Marcos tem criado trabalhos reconhecidos e premiados no Brasil e no exterior, como, Mansamente, Maturando, Impressões, Rodin, Rodin, Museu Rodin Vivo.
Dirige também o Teatro Espaço, sede do grupo em Paraty e espaço polivalente onde se apresentam artistas brasileiros e estrangeiros.
Criador da Rede Latino Americana de Promotores Independentes de Arte Contemporânea, atualmente com 23 membros em 17 países da América Latina e Caribe, e da Rede Brasil de Promotores Culturais, com 13 membros em 10 estados brasileiros.
· Rachel Joffily Ribas
Nascida em 1948 no Rio de Janeiro. Atriz, cenógrafa e aderecista, criadora, junto com Marcos Ribas do Grupo Contadores de Estórias e responsável pela programação visual de seus 17 espetáculos.
· Inez Petri
Nascida em 1966 no Rio de Janeiro. Formação teatral na CAL (Escola de Artes de Laranjeiras) e UniRio (Faculdade de Cenografia). Trabalhou como atriz e como assistente de cenografia com Eliane Saud, Hamir Haddad (Grupo Tá na Rua), Luis Carlos Vasconcelos, entre outros. Integra o Grupo Contadores de Estórias desde 1994, trabalhando como atriz e cenógrafa.

Críticas

· The New York Times
By the end of the wordless piece one is left with the eerie sense that the miniature figures are more real than the humans.
Stefen Holden
· Los Angeles Times
...the tiniest gesture catches the heart...
Dan Sullivan
· L'EXPRESS
...un petit spectacle merveilleux...
Matthieu Galey
· Le Monde
Le public a eté étonné...
Michel Cournot
· O Jornal do Brasil
Bonecos de vanguarda. Originalidade e beleza.
Yan Michalski
· Folha de S. Paulo
De uma pequena sala de apresentação em Paraty, eles montam espetáculos para o teatro do mundo.
Nelson de Sá
· Süddeutsche Zeitung
Ganz ohne Worte, vermitteln sprechende Gebärden etwas ünder die Gefühle von Menschen.
Eva-Elisabeth Fischer
· O Globo
É uma alquimia espetacular. É poesia cênica sem palavras, com muito sentimento.
Tânia Brandão
· Isto É
Bonecos que emocionam. Um primor de lirismo e arte cênica.
Carlos Eduardo Godoy

UbaWeb conversa com Marcos Ribas

Os bonecos do Grupo Contadores de Estórias são famosos em todo o mundo. O grupo já se apresentou em teatros importantes como a Maison de Culture du Monde, em Paris, e também em festivais como o de Nancy, na França, e o Next Wave de New York.
O espetáculo Em Concerto, cartaz atual do grupo, divide-se em sete cenas, tiradas de trabalhos anteriores. O grupo se apresenta no Rio de Janeiro, no Teatro Delfim, até o fim de maio, de sexta a domingo.

Marcos Caetano Ribas - Foto: Pedro Paulo Teixeira Pinto

UbaWeb - Por que escolheram Paraty para morar?
Marcos Ribas - Estávamos no Rio de Janeiro e nos apresentávamos também em outros estados. Há cinco anos o espetáculo Em Concerto está em cartaz aqui em Paraty. Paraty tem a nossa cara.
UbaWeb - Como surgiu o teatro de bonecos que vocês fazem?
Marcos Ribas - Foi uma criação nossa e o próprio grupo confecciona os bonecos. No começo os bonecos eram grandes e dificultavam as nossas viagens. Daí o tamanho dos bonecos de agora que medem de 40 a 60 centímetros e cabem facilmente em malas.
UbaWeb - As pessoas de Paraty assistem ao seu trabalho?
Marcos Ribas - Aqueles que tem a ver com teatro, sim. O teatro não é uma arte muito procurada entre nós. Já fazíamos esse tipo de trabalho antes de vir para cá.
UbaWeb - Paraty é bastante visitada por turistas estrangeiros, e o teatro de vocês sendo sem palavras deve facilitar a freqüência desses turistas, não é mesmo?
Marcos Ribas - É verdade. Por outro lado, em recente pesquisa da Secretaria de Turismo e Cultura de Paraty, 78% das pessoas que visitaram Paraty na temporada de verão de 1996/97, foram de nível universitário, o que é indicador de um público mais sensível ao teatro. Isto nos difere culturalmente das cidades do Litoral Norte Paulista, região vizinha, e de Angra dos Reis.
UbaWeb - Vocês costumam excursionar com seu trabalho?
Marcos Ribas - De 1992 a 94 não passamos mais de quinze dias em Paraty entre uma e outra viagem que incluíram o Brasil e o exterior. Agora revertemos e os dois últimos espetáculos estreamos em Paraty.
UbaWeb - Num dos folhetos do Grupo Contadores de Estórias vocês relatam que o mote principal do grupo é a emoção. Como você vê a questão da emoção num momento em que o neo-liberalismo, através do que se chama de "pensamento único" busca nivelar mundialmente o comportamento das pessoas?
Marcos Ribas - A função principal da arte é emocionar e num cenário de pensamento único o papel da arte se torna mais importante. A emoção é a geradora de fatos novos. A Fundação Rockfeller que tem trabalhos de pesquisas de grande profundidade indica que o multiculturalismo macifica e nivela, prejudicando a produção de coisas novas, e em conseqüência pondo em risco a empresa. A emoção é que é a geradora de fato novo.
UbaWeb - Você foi Secretário de Turismo e Cultura de Paraty, no primeiro ano da atual administração municipal. Com o trabalho intenso do grupo e essa dedicação inteira à arte que vocês fazem o que o levou à aceitar o cargo?
Marcos Ribas - Duas coisas: o carinho que eu tenho pela cidade e a amizade que tenho por Dedé, o prefeito. Assim, assumi o compromisso de durante um ano estruturar o setor, deixando-o após. E foi o que fiz.
UbaWeb - Vocês recebem alguma subvenção municipal, estadual ou federal?
Marcos Ribas - Temos orgulho de poder dizer que não recebemos nada disso.
UbaWeb - O que o grupo tem de novidade?
Marcos Ribas - Novidade há, mas deixa acontecer primeiro.

Em Concerto

"Em Concerto" é trabalho de fino artesanato, de ourivesaria ricamente delicada, e ao mesmo tempo singelo, sutil e comovente.
Quem foi à Paraty e não viu o espetáculo, volte logo se não quiser ficar em falta com a alta sensibilidade.
Pela disponibilidade com o fazer teatral, pela excelência da qualidade de sua criação, o Grupo Contadores de Estórias fala por si só, pela sua integridade com o teatro, pela inteireza e verdade com o que ousa criar, confundindo-se harmoniosamente com o poema de Geir Campos:

Operário do canto, me apresento
sem marca ou cicatriz, limpas as mãos,
minha alma limpa, a face descoberta,
aberto o peito, e - expresso documento -
a palavra conforme o pensamento.
Fui chamado a cantar e para tanto
há um mar de som no búzio do meu canto.
Trabalho à noite e sem revezamentos.
Se há mais quem cante, cantaremos juntos;
Sem se tornar com isso menos pura,
A voz sobe uma oitava na mistura.
Não canto onde não seja a boca livre,
Onde não haja ouvidos limpos e almas
afeitas a escutar sem preconceitos.
Para enganar o tempo - ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
Não canto...
Canto apenas quando dança,
nos olhos dos que me ouvem, a esperança.
"Da Profissão do Poeta" Fim do texto.

GRUPO CONTADORES DE ESTÓRIAS - TEATRO ESPAÇO
Rua Dona Geralda, 327 - CEP: 23970-000 - Paraty - RJ
Telefone: (024) 371-1575 - Fax: (024) 371-1161
E-mail: ecparaty@ax.apc.org
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