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Ano 1 - Nº 12 - Ubatuba, 13 de Setembro de 1998
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· Sapopira na UTI
    Pedro Paulo Teixeira Pinto
    articulista@ubaweb.com

Faixas, bandeirolas, foguetes, sirenes, carros de som. Todos os meios de comunicação disponíveis na província brejeira sustentaram o grande alarido produzido para inaugurar a ambulância UTI que desfilou impoluta por toda Sapopira.
Foi cumpam-cumpam pra todo lado, pra todos os gostos e desgostos.
Na corte ria-se com todos os molares.
A "prodigiosa" safra de candidatos que de repente coalhou o céu de Sapopira com seus pára-quedas verdes pôs-se inquieta e solícita diante da saparia, em meio ao espetáculo.
Cambaleante, braços estendidos para o alto, mãos sinalizando positivo, o sapo Caco-Cheio incorporou o saudoso Bimba¹ e cantava o tempo todo: ... "é um absurdo, é um absurdo / não tem remédio pra matar o borrachudo / é um absurdo, é um absurdo" ...
Num improvisado palanque apinhado de acenos, abismos e enganos, uma autoridade, tomada de forte emoção, extrapolou: ..."e a partir de hoje prometo que sapo nenhum vai morrer neste brejo".
- Arrelá, ai-ai-ai!² Esse aí foi longe demais, disse Pantaleão, o mais antigo e sábio sapopirense, que acrescentou: "Bede-bede³, só agora que eu entendi essa "farra" toda. Trouxeram pra cá essa tal de UTI pra internar nela a nossa Sapopira, que coitada já tá quase morta".

E quando nada, nada ocorre, a esperança, persistente, teima e teima, mas às vezes, até morre.

¹ Figura popular marcante de Ubatuba
² e ³ Expressões típicas caiçarasFim do texto.
· A Busca de Novos Talentos
    Ryoki Inoue
    editora@vertente.com.br
    Editora Vertente

Ryoki Ynoue

Um novo gênero de romances policiais começou a surgir no panorama da literatura. Convencionou-se chamá-lo de "policial literário", uma vez que não se restringe àquele gênero que alguns gostam de denominar de subliteratura. Graças a Deus há uma profunda discordância entre autores, críticos e editores - evidentemente sem falar dos maiores interessados, que são os leitores, via de regra esquecidos de todos - tanto quanto a essa denominação quanto à essência do que se pode chamar de literatura ou de subliteratura. Teriam os críticos a coragem de classificar de subliteratura um Conan Doyle ou uma Agatha Christie? Ou será que, para eles, tudo quanto saia do clássico é subliteratura?

Temos razões de sobra para acreditar que a literatura deveria incluir um gênero - bastante difundido nos países mais evoluídos e, neste nosso Brasil, ainda extremamente mal-falado - que seria o gênero de "literatura de lazer", em que o autor se preocupa muito mais com o leitor e seu prazer de ler do que com uma linguagem rebuscada, academicismos e outras coisas que tais. Será que o fato dos americanos, ingleses, franceses, alemães e outros povos mais letrados lerem cerca de cinco vezes mais que nós, brasileiros ufanos de nosso Machado de Assis, não teria uma relação com a chamada "leitura de lazer"? Ler apenas pelo prazer de ler, pelo prazer de viver ainda que apenas na imaginação, uma vida melhor, ambientes diferentes, situações até mesmo impossíveis mas que fazem o sonho de cada adolescente que mora dentro de nós. Será que não conseguiríamos ao menos chegar ao índice de leitura de 1 livro por habitante por ano, se nossos editores se preocupassem um pouco mais em publicar obras nacionais no gênero lazer?

Paulo Coelho está aí para corroborar esse pensamento e comprovar a veracidade dessa suposição. Que falem mal desse escritor tupiniquim que conseguiu chegar aos píncaros internacionais da glória literária. Não será sem razão que Paulo Coelho venceu. No mínimo, ele conseguiu alcançar e acertar em cheio a linguagem que o povo quer e gosta de ler. Sem firulas, sem arabescos, sem bordados. A própria linguagem do povo e em temas que o interessam de fato. E, se esse mérito não bastasse, vale lembrar que ele foi - e está sendo - um grande estímulo para o aumento do gosto pela leitura. Sim, pois quem lê Paulo Coelho, com certeza terá vontade de ler mais. E não ficará restrito a apenas um autor, é o óbvio. Por isso, desde que Paulo Coelho começou a derramar no mercado a sua obra e começou tão bem a vendê-la, houve um acréscimo significativo na venda de livros. Os livreiros aí estão para comprovar. Da mesma maneira, critica-se Jô Soares com seu "O Xangô de Bakerstreet". Dizem por aí que o livro carece de profundidade, que é mais cômico do que qualquer outra coisa... Contudo, também o Jô conseguiu vender e muito. Conseguiu mostrar que é bom ler, que se dá risada sozinho durante uma leitura e que se deixa para trás os problemas que afligem o dia-a-dia. Pena que não haja mais. Pena que seja tão difícil descobrir os talentos que estão escondidos no meio da população brasileira. Pena que a imensa maioria dois editores tenha pouca vontade de apanhar uma obra, corrigi-la, modificá-la, colocá-la "nos trinques" para realizar uma publicação de sucesso. Eles, ao contrário, preferem pegar obras já prontas, que dão o mínimo de trabalho de edição e que têm o sucesso comercial garantido por um nome já "de peso". E, assim, tantos bons jamais conseguem brilhar.

A Editora Vertente Ltda., ao contrário do comportamento e da política editorial da maioria, vem se esforçando na caça de novos talentos, dos novos e bons escritores que estão por aí, escondidos e muitas vezes frustrados, sem que alguém lhes dê uma oportunidade de mostrar o próprio brilho. Nos últimos doze meses, com quarenta e duas obras publicadas, esta Editora conseguiu realizar o sonho de muitos escritores. E, com certeza, dentre os que publicaram seus livros, seus contos, suas poesias, hão de surgir alguns que despontarão como verdadeiras estrelas, enriquecendo um pouco mais o firmamento da intelectualidade do Brasil.

Nota do Editor: Devido à sua intensa e extensa produção literária, desde 1993, Ryoki Inoue figura no International Guinness Book of Records, como o homem que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta.Fim do texto.
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