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Ano 1 - Nº 12 - Ubatuba, 13 de Setembro de 1998
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DIA MUNDIAL DE LIMPEZA DE PRAIAS 1998
COASTAL CLEANUP DAY
19 DE SETEMBRO DE 1998
O maior evento de limpeza de praias do planeta!

Voluntários de todo o planeta, estudantes e residentes de Ubatuba estão se preparando para o maior evento mundial anual de limpeza de praias. O Dia Mundial de Limpeza de Praias (Coastal Cleanup Day) do Center for Marine Conservation (CMC).

No dia 19 de setembro de 1998 mais de 250 mil voluntários estarão recolhendo o lixo de praias, lagos, margens de rios e mesmo de sítios submarinos em 90 países e nos 50 estados e territórios norte-americanos, em mais de 5.000 localidades.

O objetivo de tal evento é remover e catalogar milhões de quilos de lixo sólido descartados intencionalmente ou descuidadamente nos ecossistemas aquáticos e obter dados seguros sobre fontes de poluição em todo o planeta.

Pelo terceiro ano consecutivo realizamos este evento em nossa cidade e já conta com o apoio e o envolvimento de várias entidades locais: Associação Cunhambebe, Ubasub, MDU, Projeto TAMAR e de São Paulo a Associação Aqua Mater. O Parque Estadual da Ilha Anchieta e a Marina do Píer do Saco da Ribeira - Fundação Florestal apoiam o evento. As Operadoras de Mergulho também estarão contribuindo. Teremos na Ilha Anchieta, monitores voluntários da Escola Técnica de Turismo de Ubatuba.

Os dados quantitativos e qualitativos gerados anualmente pelo evento vêm sendo utilizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para pressionar os países a serem signatários da Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Advinda de Embarcações (The International Convention for the Prevention of Pollution from Ships).

Esta convenção é comumente conhecida como MARPOL (MARine POLlution). Estabelecido em 1973, o MARPOL proíbe o lançamento de lixo e produtos variados ao mar. O Anexo V desta convenção está ligado ao lançamento de resíduos sólidos ao mar por embarcações; os outros quatro anexos tratam de outros poluentes. Embora oitenta e três países tenham ratificado o Anexo V até hoje, o problema de lançamento de resíduos sólidos por navios não foi resolvido. Além disto, vários são os países que não possuem legislação que coíba o despejo de lixo nas praias e nos rios pelos usuários.

Historicamente, os oceanos têm sido o depósito final dos dejetos humanos. Com o advento da produção de plásticos, isopores e espumas este problema vem se agravando dia-a-dia. A longa vida útil destes materiais devido a baixa taxa de biodegradação tem acumulado montanhas de resíduos sólidos nos oceanos.

Além dos impactos negativos econômicos e estéticos, estes materiais são responsáveis pela morte de inúmeros organismos marinhos e estas mortes estão se intensificando cada vez mais. Pedaços de isopor e espumas e filtros de cigarros são vistos por aves marinhas, peixes e tartarugas marinhas como se fossem ovas de peixes e são engolidos. Tais materiais não conseguem passar pelo duodeno e ficam aprisionados no estômago de suas vítimas. Isto faz com que o animal se sinta saciado, pois vai cada vez mais ficando com o estômago cheio, passando então a não mais se alimentar. O resultado é a morte por inanição. O mesmo ocorre no caso de sacos plásticos e algumas espécies de tartarugas marinhas que têm nas águas-vivas o principal componente de sua dieta alimentar. Sacos plásticos flutuando na água são interpretados pelas tartarugas como águas-vivas e são engolidos. O mesmo processo de enchimento do estômago ocorre e a morte por inanição advêm deste fato.

Diversos recipientes, como copos, garrafas e potes funcionam como esconderijos para caramujos predadores de ovos de peixes. Dentro deles os caramujos ficam protegidos de seus predadores, podendo predar intensamente os ovos; com isto há um desequilíbrio entre as populações de seres marinhos. Restos de redes e linhas de pesca abandonados no mar permanecem no ambiente matando indiscriminadamente e desnecessariamente peixes, aves e mamíferos marinhos. Com uma das pontas presas em pedras ou na vegetação submersa, estes artefatos de pesca são armadilhas mortais. Os animais se enroscam e morrem enforcados, por asfixia ou por inanição. Focas, leões marinhos, golfinhos, peixes-bois, aves marinhas e peixes são algumas das inúmeras vítimas.

Controlar e eliminar a presença destes dejetos nos oceanos é uma necessidade.

O Center for Marine Conservation realizou o primeiro evento em 1986, quando 2.800 voluntários recolheram o lixo ao longo de 122 milhas da costa do Texas. O evento gradualmente evoluiu para a coleta de dados sobre os tipos e quantidades de dejetos sólidos, para a educação dos cidadãos sobre o problema e o uso das informações coletadas para o suporte de políticas e de legislação que protejam a vida silvestre e os habitats marinhos.

O evento tornou-se um programa nacional em 1988 e, internacional, um ano mais tarde com a participação do Canadá e do México. Em 1997, 342.026 voluntários de 75 países coletaram 2,8 milhões de quilos de lixo de 14.484 km de praias. Pelo oitavo ano consecutivo, as pontas de cigarro foram o item mais coletado no mundo, totalizando 1.547.346 unidades.

No Brasil, 2.731 voluntários coletaram 104.411 itens ou 10.521 kg de lixo em 96 km de praias de 42 localidades de 6 estados. Os itens mais freqüentes foram pedaços de isopores e espumas (7.072 unidades) e pontas de cigarros (7.019 unidades). Os materiais plásticos representaram 54,58% do total de itens coletados. Em segundo lugar aparecem os isopores e em terceiro os metais. Somando-se a participação destas três categorias chega-se a 75,89%, significando que este é o percentual que os materiais ambientalmente mais perigosos possuem no total de resíduos sólidos encontrados.

Desde 1993, o Projeto Baía Viva, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, vem coordenando anualmente este evento no Brasil. No começo o número de voluntários foi muito pequeno, chegando a cerca de uma centena. Entretanto, em 1997 a participação foi bastante expressiva, devido a esforços de divulgação intensificados e ao patrocínio do evento por empresas.

O Dia Mundial de Limpeza de Praias 1998 unirá voluntários conscientes de todo o planeta - crianças, adolescentes, idosos, lideres comunitários, ONGs e organizações governamentais - na solução de um problema ambiental que não possui fronteiras geográficas, sociais e nem políticas.

"A eficiência do Dia Mundial de Limpeza de Praias na identificação das fontes de poluição marinha e na formação de uma consciência cidadã é tremenda. Muitos destes eventos levam a campanhas de reciclagem de lixo, além de programas de educação dos cidadãos e de programas de adote-uma-praia" disse o Presidente da CMC, Roger E. McManus.

O CMC auxilia diversos países a coordenar seus esforços locais. Após o evento, o CMC recolhe os dados e prepara relatórios que serão usados por gerenciadores de políticas públicas e grupos ambientalistas para produzir programas que protejam nosso mundo marinho.

Esse dados nos dizem como estamos tratando as águas do planeta Terra. Todos os anos o evento ocorre no terceiro sábado de setembro. O Dia Mundial de Limpeza de Praias é apoiado pela União Mundial de Conservação (World Conservation Union - IUCN) e pela Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da Organização das Nações Unidas (ONU - UNESCO).

Voluntários interessados em participar do evento podem entrar em contato com:
Parque Estadual Ilha Anchieta - PEIA - (012) 974-9059
Marina Píer do Saco da Ribeira - Fundação Florestal - (012) 442-1231
Projeto Água Viva - Associação Aqua Mater - (011) 844-1034
uma operadora de mergulho ou ligarem para uma das entidades acima.

O CMC é uma ONG norte-americana sem fins lucrativos dedicada a proteger, pesquisar e educar o público sobre a conservação dos oceanos nos EUA e no mundo. Busca proteger os ambientes marinhos e conservar a diversidade global da vida marinha. Fundado em 1972, conta com 120.000 membros. Seu escritório central está localizado em Washington D.C. (1725 DeSalles Street, N.W. - Washington, D.C. - 20036 - USA).

Contamos com sua participação.Fim do texto.
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