- Bom dia! - Oi! - Em que posso ajudá-la? - Só tô olhando mesmo... - Fica a vontade! Precisando é só chamar. Meu nome é Marcele... - Tá! Pode deixar... Os vestidos que têm são aqueles ali? - São sim... Se não tiver o tamanho aqui tenho mais lá dentro. - Tá... Bonito esse preto, hein? - É sim! Nesta última coleção eles capricharam. Um mais bonito que o outro! - É... Esse floreado também! - É verdade! E estão com um preço bem em conta! - É... - À vista tem desconto de 25%. - Hum... - Ainda posso parcelar em quatro vezes iguais... - Hum... Está quanto esse floreado? - R$ 80 à vista. - Bom o preço mesmo! - Como a loja está renovando o estoque esses vestidos que estão expostos estão bem baratos! - É verdade... - Gostaria de experimentar? - Não sei! - Não paga nada! Há! Há! Há! - Me convenceu! Vou experimentar, sim! - O preto e o floreado? - É... - Eu levo para a senhora. O provador é ali... A cliente experimentou o vestido preto e não gostou em seu corpo. Então, passou a provar o vestido floreado. Olhou-se no espelho e achou-se linda e maravilhosa. Então, procurando uma segunda opinião e a confirmação do próprio gosto, ela perguntou a vendedora: - O que achou? Silêncio momentâneo. Um dilema nasceu em meio aos pensamentos da vendedora com o questionamento. Se falasse a verdade, que a cliente estava ridícula e parecia um botijão de gás de vestido com aquela estampa floreada, provavelmente, perderia a venda, que por sinal estavam em baixa naquele mês. Ainda corria o risco de sofrer ofensas dela e ter que se explicar na direção da loja. Por outro lado, se resolvesse omitir a situação e concordar que ela estava bonita ficaria com a consciência pesada por um longo tempo, pois por algum motivo aquela mulher despertou a sua compaixão e o seu lado mais sincero. - O que achou? Insistiu a cliente. O coração da vendedora acelerou. Ficou aflita. Precisava responder rapidamente algo para a cliente. Mas, o quê? O quê? Indagava-se. Clamou por Deus. Foi então que, ingressou na loja a filha adolescente da cliente que ao ver a mãe com aquela roupa, disparou: - Que linda, mãe! O vestido ficou lindo na senhora. Vai levar, né? A vendedora respirou aliviada. A responsabilidade de opinar e o sentimento de culpa se dissiparam com a posição da filha da cliente. “Gosto é gosto. Ridículo para uns, mas lindo para outros”, pensou. Assim, como em muitas oportunidades anteriores, restava-lhe somente terminar de efetuar a venda. Como boa profissional do ramo, apenas complementou: - E o preço está ótimo!
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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