O casal caminhava harmoniosamente de mãos dadas por uma praça, trocando gracejos e beijinhos, em um sábado primaveril. Tudo corria no mais alto clima de paixão entre os pombinhos. Tudo perfeito. Até que uma morena entrou no raio de visão dos apaixonados, caminhando em direção contrária, não muito longe, a cerca de 100 metros. Não era uma morena qualquer. Era a morena! Uma mulher de corpo escultural, detalhadamente torneado e realçado pela roupa preta que usava. O leve vento que soprava deixava esvoaçantes os cabelos, o que a tornava ainda mais sensual. Ao avistá-la, ele levantou o pescoço, respirou fundo e pensou “meu Deus do céu! O que isso que vem ali?”. A namorada, vendo a reação dele, apertou-o a mão fortemente e fitou-o com olhos em chamas, deixando claro o recado “olha para essa piranha que eu te mato!”. Se os homens possuem um vício em comum, esse vício é apreciar os glúteos femininos. Ou o traseiro. Ou a bunda de mulher mesmo, como queira. É um vício inocente, despertado sempre pela forma do material a ser apreciado e pelas roupas das proprietárias. A famosa “olhadinha”. Para matar esse vício, não leva mais do que alguns segundos e uma quebradinha de pescoço, acompanhado de um pensamento, que muitas vezes é externado: “meu Deus!”, “oh lá em casa!”, e assim por diante. Mas, elas odeiam esse vício masculino. Elas, as namoradas, porque têm mulheres que assumem essa missão de serem apreciadas quando saem de casa. No entanto, esse é assunto para outra crônica. Ao ver a geografia da morena na sua frente, ele não teve dúvida que precisava visualizar aquele corpanzil por todos os ângulos, principalmente, o traseiro. Era o vício se manifestando. Porém, precisava rapidamente encontrar uma estratégia para ludibriar a namorada. Foi então que teve a ideia: vício se mata com vício. O casal de namorados cruzou pela morena na praça. A morena olhou-o de cima a baixo. Ele fixou o olhar nos pés dela. A namorada com cara de braba observou as reações dos dois. Um segundo depois que se cruzaram, a namorada questionou: - O que foi? - Ué! Tu não viste? - Não viste o quê? - Tu não viste que horror era o sapato daquela mulher... Curiosa, ela não se aguentou e rapidamente virou-se para conferir o sapato da morena. Era o segundo que ele precisava para virar-se também e apreciar os glúteos esculpidos daquela morena fenomenal. Que bunda!, pensou. O vício estava suprido e o risco havia valido a pena. Ingênua, a namorada ainda comentou depois de verificar os pés da morena: - Realmente! Que horror aqueles sapatos! Que mau gosto! E com um sorrisinho no rosto, ele complementou: - Não falei? E o casal seguiu caminhando harmoniosamente pela praça.
Nota do Editor: Rodrigo Ramazzini é cronista.
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