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COLUNISTA
Celamar Maione
29/06/2009 - 11h14
Sexo por telefone
 
 

Verão. Tarde de domingo. Três amigas conversam na areia da praia de Ipanema, em frente à rua Vinícius de Moraes. Lidiane bebe seu refrigerante, quando Maria Alice fala empolgada:
- Vai ser hoje. Estou morrendo de curiosidade!
- Sexo por telefone? Qual é a graça?

Maria Alice responde ironicamente:
- Vou fazer e depois conto tudinho, tá bom assim?

Para as duas não discutirem, Regina Lúcia tenta mudar o rumo da conversa:
- Maria Alice há quanto tempo Jorginho está na Bahia?
- Um mês. Volta daqui a duas semanas. Isso se a empresa não inventar outro curso.
- Já sei! Já sei!
- Que susto, Lidiane! Sabe o quê?
- Faz sexo virtual. Se tiver uma webcam melhor ainda.
- Só se for na lan house do hotel com todo mundo olhando.

Acabaram rindo e encerraram o assunto chamando o vendedor de mate. Saíram da praia no início da noite. Maria Alice estava excitada com a idéia de fazer sexo por telefone. Seria a primeira vez. Se preparou especialmente para o momento. Depois de um longo banho, colocou o perfume preferido do namorado e escolheu uma camisola sensual. Quando o telefone tocou, andava ansiosa de um lado para o outro à espera da ligação:
- Jorginho?
- Oi, minha linda!
- Que saudade, meu lindo! Pensei muito em você hoje.
- Eu também. Estudava e pensava no que íamos fazer à noite. Está pronta?
- Sim. Quem começa?
- Como foi seu dia?
- Já começou?
- Não, linda, só quero saber o que você fez de bom. Foi à praia?
- Fui com a Lidiane e a Regina Lúcia. Comentei com elas sobre nossa aventura...

Foi interrompida por Jorginho:
- Contou para elas sobre o sexo por telefone?
- Qual o problema?
- Tudo você conta pra elas? Isso é coisa só nossa.
- Elas me conhecem há tantos anos. Não temos segredos...
- É chato, Maria Alice. Não vou ter coragem de olhar para a cara das suas amigas. No dia que eu broxar você também vai contar pra elas?
- Deixa de bobagem. Esquece. Vamos começar? Estou excitada.
- Muito ou pouco?
- Muito. Sua voz está super sensual.
- Estou fazendo essa voz só pra você, minha linda.
- Nossa, me arrepiei toda agora.
- Queria estar aí para ver. Estou morrendo de vontade de pegar...

Maria Alice cortou a conversa:
- Jorginho, me lembrei de uma coisa: você comprou o azeite de dendê que minha mãe pediu? Se você esquecer ela vai falar pra caramba!
- Pô Maria Alice, isso é hora de lembrar de azeite de dendê? Cortou meu tesão.
- Desculpe, é que eu fiquei com medo de não lembrar depois. Ela já me ligou hoje cobrando.
- Não comprei, mas vou comprar. Pode deixar.
- Anota na sua agenda. Não me esquece esse azeite!
- Tá bom. Agora vamos começar. Essa ligação vai ficar cara demais.
- Estou esperando. Começa.
- Você me deixou perdido. Estava indo tão bem. Ia começar e você veio com essa história de dendê.
- Desculpe, já disse. Foi sem querer.
- O problema é concentrar novamente. Sexo é cabeça.
- Vai, amor, você consegue. O que eu preciso dizer para você ficar excitado?
- Me chama de cachorrão.

Maria Alice faz uma voz melosa para impressionar o namorado:
- Vem meu cachorrão. Late pra mim, late.
- Sacanagem! Latir, Maria Alice?!
- Exagerei. Desculpa. Vamos tentar mais uma vez...
- Tá. Se dessa vez falhar, a gente desiste. Combinado?
- Combinado. Quem começa?
- Você.
- Eu? O que é que eu vou falar?
- Que falta de imaginação! Alguma coisa romântica.
- Não, Jorginho. Começa você.
- Desligou o celular? Não quero ser interrompido pelo toque de celular.
- Tá desligado. E o seu?
- Também. Vou começar. Concentração. Qual é a cor da sua calcinha?

O interfone toca insistentemente.
- Jorginho, o interfone está tocando. Quem pode ser a essa hora?
- Não atende.
- Não pára de tocar. Péra aí, vou ver.

Era o porteiro:
- Dona Maria Alice, o apartamento 202 está pegando fogo. Os bombeiros estão evacuando o prédio.
- Pegando fogo? Fooogooo?

Desceu de camisola. No telefone, Jorginho gritava:
- Maria Alice, ei, você está aí? Fala, o que aconteceu? Maria Aliiiiiiiccceeeeeeee...


Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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