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COLUNISTA
Celamar Maione
22/06/2009 - 17h02
O namorado da Clarinha
 
 

Clarinha olhou-se mais uma vez no espelho. Dona Geny entrou no quarto e avisou:
- O Juliano está na sala esperando.
- Tô bonita, mãe?
- Linda. Vai ser a mulher mais bonita da festa.

A jovem apareceu na sala jogando os cabelos para o lado. Juliano tirou os olhos da TV e se levantou esticando as pernas.
- Vamos?
- Ué, só isso?
- O que você queria mais?
- Não vai me elogiar?
- Não precisa. Você sabe que é bonita.
- Ah tá! Eu fico boba com o seu romantismo.
- Deixa de história Clarinha. Vamos logo que eu quero aproveitar a festa.

Meia hora depois abraçavam o aniversariante. Juntaram-se a um grupo de amigos para conversar e beber. Disfarçadamente, Juliano colocou os olhos numa morena de vestido vermelho que gesticulava e apontava para a varanda. Encantou-se com a mulher. Pediu licença a Clarinha e foi até o aniversariante.
- Cara, que morena é aquela de vermelho?
- A Natália?
- Isso. Aquela ali. Quem é?
- Ex-colega de faculdade. Gente boa.
- Que mulherão. Me apresenta!
- Toma vergonha, a Clarinha tá aí. Quer apanhar?

Juliano coçou a cabeça e voltou para o lado da namorada. Flertou com a morena. A mulher correspondia com olhares famintos, jogando a cabeça para trás e passando as mãos pelos longos cabelos. Juliano se imaginou beijando-a e apertando-lhe os seios fartos. Clarinha o fez voltar a realidade.
- Ei, acorda! Você tá longe.
- Nada disso. Estou só deixando você falar. Fala amor.

Clarinha repetiu a última briga que teve com o chefe.
- Você acha que ele vai me demitir?
- Quem?
- Tem certeza que você está prestando atenção no que eu estou falando?

Provocante, a morena deixou a pequena bolsa preta em cima de uma mesinha e passou por Juliano, esbarrando no braço dele.
- Ah desculpe! Machuquei?
- Não. Quê isso!

Quando a morena saiu, Clarinha falou com o namorado, ressentida:
- Nossa, que mulher cega!
- Coitada, foi sem querer.
- Sem querer? Você acha que eu não notei ela olhando pra você?

Com medo das desconfianças da namorada, disfarçou:
- Acho que aquela coxinha de galinha não me fez bem. Muito gordurosa!
- Tá passando mal?
- Tô com dor de barriga.
- Poxa, coxinha fulminante, hein?
- Acho que sim. Vou até falar com o Souza...
- É, tem que falar mesmo. Coxinha perigosa. Você come e cinco minutos depois passa mal. - diz Clarinha ironicamente.

Juliano começou a se contorcer, simulando dor. Acreditando no teatro do namorado, ela deu a idéia:
- Vamos embora?
- Melhor, né? Estou mal!

Juliano deixou Clarinha na porta de casa. Despediram-se:
- Quando chegar, ligo pra você, amor!
- Liga, sim. Estou preocupada. Melhoras.

Juliano voltou pra festa. Ligou para Clarinha do celular, avisando que já estava em casa. Os amigos espantaram-se ao vê-lo:
- Ué, não estava passando mal?
- Melhorei.

Sorrindo, procurou pela paquera: “Só falta ela ter ido embora” – pensou. Natália conversava alegremente com quatro amigos. Juliano se aproximou e entrou na conversa. Quinze minutos depois, ficaram sozinhos. Ela perguntou, com voz adocicada:
- E a sua namorada?
- Já está em casa. Voltei por sua causa.

A mulher sorriu e encarou Juliano. Conversavam se tocando. Ele empolgou-se e já imaginava intimidade maior. A morena pediu licença e se afastou para falar ao celular. Voltou e com a mão no lábio pediu delicadamente:
- Você podia me levar em casa?
Juliano pensou: “É agora”.
- Claro.

Entraram no carro. Juliano ligou o rádio e cantarolou feliz. Deixou Natália na porta do prédio. Tentou beijá-la. Ela recuou. Ele não entendeu, mas disfarçou:
- Quando nos veremos novamente?
- Nunca mais.
- Não entendi!?
- Queridinho, detesto homem galinha! Coitada da sua namorada!

Colocou a mão no queixo de Juliano, fez biquinho, sorriu e saiu batendo a porta do carro. Ela seguiu em direção a um homem alto e forte que a esperava na portaria. Abraçaram-se, beijaram-se e desapareceram entre as portas de vidro do condomínio. Juliano saiu cantando pneu. Pensou em Clarinha. Consumido pela raiva e pelo despeito, acelerou o carro e avançou o sinal. Não percebeu que no cruzamento vinha um ônibus em alta velocidade.


Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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