Passava da meia-noite quando César chegou no aniversário de Beth. Cumprimentou a aniversariante e ficou conversando na varanda com Dalton. De vez em quando observava as mulheres. Gostou de Fátima. Morena, baixinha, e simpática. Perguntou ao amigo: - Conhece aquela gracinha? - Qual? - Aquela moreninha conversando com a gordinha de minissaia. - Não sei quem é. E a Bruna? Terminaram? - Não. Mas tá pegando muito no meu pé. Hora de dar um tempo. - Mulherada ciumenta! A gente não pode nem ir ao futebol que já acham que estamos traindo. Por isso prefiro ficar sozinho. Só tenho amigas. Nada de compromisso. - Eu também estou precisando de amigas generosas. Quero beijar outras bocas. - O problema hoje é que você já beija na boca e a mulher acha que você quer casamento. - E ainda dizem que são modernas. - Modernas? Continuam com a cabeça igual a do tempo da minha avó: querem marido e filhos. Toca o celular. César atende: - É a Bruna. Peraí, volto já. - E aí? - Ficou putinha porque não estou em casa. Mas e a moreninha, heim? Qual é a dela? Chamou Beth e pediu para apresentá-la. Fátima ficou encantada com os olhos verdes de César. Ele se mostrou interessado. Fátima queria impressionar. Mentiu quando ele perguntou: - Tem namorado? - Tenho mais cada um foi para um lado hoje! Não queria que ele soubesse que ela estava sozinha. Afasta os homens – aconselhava uma amiga. Fingindo descontração perguntou: - E você? - Eu sou livre! Estou abandonado – brincou, sorrindo e mostrando os dentes brancos. - Um homem bonito assim? - Pra você ver. Estou largado. Jogado fora. Despediram-se. César pegou o número do celular. No carro, com a amiga, Fátima comenta: - O cara é livre e desimpedido. Pediu meu telefone. Será que vai ligar? - Claro que não. É praxe. Eles pedem o telefone, mas não ligam nunca. - Parecia sincero. - Amiga, aprende uma coisa: desconfia quando a esmola é demais. Fátima passou o domingo esperando a ligação. César saiu com Bruna. Discutiram. Chegou em casa mal-humorado. - Tô precisando variar o cardápio. Cadê o telefone da morena? – disse baixinho. Procurou no celular. Ligou. - E aí, chegou direitinho em casa ontem? Ela fez doce: - Quem é? - O César, da festa. - Desculpe, é que seu telefone não está anotado no meu celular. - Passa o seu telefone fixo. Conversaram quase uma hora. Desligou. Recebeu uma ligação da Bruna. Fizeram as pazes. Não procurou Fátima durante três semanas. Brigou novamente com Bruna. Ligou pra Fátima: - Lembra de mim? Quero lhe pedir desculpas. Andei meio sumido. Muito trabalho. Fátima não questionou. Era uma mulher moderna. Não queria ser grudenta. César terminou a ligação prometendo: - Da próxima vez marcamos uma saída. Fátima esperou. César se encontrou com o amigo Dalton, depois de uma partida de futebol e foram beber um chope. Na mesa de bar, o amigo perguntou: - E a morena da festa? - Estamos conversando. Ainda não saí. Tô enrolado com a Bruna. - Mas vai sair? - Sei lá! Conversei com ela. Muito iludida. Tá achando que eu vou namorar sério. Tô a fim de galinhagem. Namorada já chega a Bruna. - Sabe qual é o problema das mulheres? Elas se apaixonam muito fácil. - Homem também. Só que a nossa paixão dura um dia. E a da mulher dura mais. Pediram outro chope. César recebeu um torpedo carinhoso de Fátima. - Aí, não falei? Torpedo da morena da festa. Vou ligar quando chegar em casa. - Oi Fátima, vamos sair amanhã? No dia seguinte, Bruna procurou César. Fizeram as pazes. Enquanto César tomava banho, ela mexeu no celular do namorado. Apagou os números de Fátima. Ele nunca reparou. Quando brigou novamente com Bruna, foi a uma festa com Dalton e saiu com Marisa. Fez as pazes com Bruna, mas até hoje, sai, de vez em quando, com Marisa. Na mesa de bar, comenta com Dalton: - Sabe como é, para variar o cardápio. - Temos que aproveitar. A oferta é grande! - Verdade. - Eu ainda prefiro continuar tendo amigas. Sem compromisso. - Garçom, mais dois chopes! Obs.: Por sugestão do jornalista Fábio de Lima, este é o outro lado da história “Primeiro encontro”, publicada no dia 19 de janeiro no Literário (www.comunique-se.com.br). Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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