Domingo de sol. Jairo olhou o relógio: 6 da manhã. Hora da caminhada no calçadão. Mesmo domingo não conseguia dormir até mais tarde. Levantou-se da cama, se espreguiçando. Colocou o café para fazer. Enquanto isso, foi ao banheiro, escovou os dentes, fez a barba e jogou uma água fria pelo corpo. Vestiu a bermuda que estava em cima do sofá do quarto, penteou os cabelos, colocou as meias, em seguida os tênis. Fez um rápido alongamento. Em seguida, voltou para a cozinha e viu o que tinha para comer na geladeira. Pensou na empregada. Ela precisava fazer compras durante a semana. Falaria com ela amanhã. Pegou um pedaço de queijo, colocou café no copo, comeu com prazer sua primeira refeição do dia. Em seguida, o telefone tocou. Era a mãe para saber se Jairo ainda estava vivo. Falou com a mãe e foi fazer sua caminhada. Óculos escuros. Boné. Olhava as mulheres com biquínis mais ousados. Só isso. Apenas olhava. Acabou a caminhada e passou na banca de jornal. Conversou um pouco com o jornaleiro, deu uma olhada em todos os jornais. Levou um só. Pegou também uma revista semanal. Deixou o troco com o jornaleiro. Despediu-se. Aproveitou e foi até a padaria. Comprou um frango assado para comer na hora do almoço. Chegou em casa e leu o jornal de ponta a ponta. Em seguida, pegou a revista, passou os olhos e almoçou. Já passava das duas da tarde. O almoço foi rápido. Aliás, era sempre assim. Gostava de tudo fácil e prático. Não queria perder tempo. Era um bom profissional. Costumava articular seus passos. Tudo era medido, cronometrado. Nada podia falhar. Depois do almoço, relaxou. Nada como um copo de whisky com gelo. Ouviu um CD de músicas clássicas. Era, na verdade, o único dia que tirava para não pensar em trabalho. Domingo era sagrado. Seguia uma rotina, mas diferente da semana. Até no sábado, levava trabalho para casa, mas domingo, não. Depois do relax dominical, navegava pela Internet. Visitava alguns sites, repassava alguns e-mails e conversava com alguém online no MSN. Qualquer pessoa. Apenas para passar o tempo. “Engraçado”, pensava, “domingo não sabia muito bem o que fazer”. O apartamento ficava vazio demais. Mas era bom. Não conseguia imaginar uma mulher fazendo cobranças e nem crianças gritando. Ficava arrepiado só de pensar. O tempo passou rápido. Oito da noite. Fez um lanche. Ligou a TV. Nada de interessante. Pegou um DVD. Assistiu ao filme quase dormindo. Passava das 10 da noite. Levantou do sofá da sala, assustado. Foi para o quarto e arrumou meticulosamente a calça, a camisa social, a gravata e o paletó para o dia seguinte. Foi dormir feliz. Segunda-feira estaria de volta ao escritório. Pensou nas muitas reuniões que tinha pela frente. Dormiu excitado! Nota do Editor: Celamar Maione é radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador , mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.
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