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Contos
12/05/2008 - 07h03
Sábado à noite
Celamar Maione
 

Tarde de sábado com céu encoberto. Depois do almoço, Tavares ligou a televisão e deitou-se no sofá. Assim que se recostou nas almofadas, Marilena apareceu na sala.
- O que vamos fazer hoje à noite?
- Ficar em casa - respondeu Tavares, sem tirar os olhos da televisão.
- Ah não! Trabalho a semana inteira, sábado quero me distrair, nada de ficar em casa.
- E o que você sugere? - perguntou Tavares, entediado.
- Que tal irmos ao motel? - falou, cheia de expectativa.

O marido passou a mão no queixo e antes de responder, moveu os lábios de um lado para o outro.
- Mulher tem cada uma! Temos uma cama no quarto onde fazemos tudo o que se faz num motel e de graça.
Marilena respirou fundo e deu outra sugestão:
- Que tal irmos ao cinema?
- Hoje? Fica muito cheio e eu não gosto da turma da pipoca. Aquele saco faz barulho. É pipoca voando na minha cabeça, gente atendendo celular no meio da sessão. Cinema sábado é programa de índio.
- Então que tal visitarmos minha irmã?
- Nada disso. O clima entre ela e o Aderbal não anda nada bom. Vai sobrar pra gente.
- Nossa Tavares, tudo tem problema! Então vamos sair para comer uma pizza?!
- Melhor pedir pelo telefone. Tô com preguiça de tirar o carro da garagem e trocar de roupa.
- Então faremos o quê?
- Você eu não sei. Eu vou ficar em casa, no meu sofazinho, vendo minha televisão.
- Então eu vou ligar para a Adélia. Vou chamá-la para ir ao cinema.
- Vai sim. Vai se distrair. Você sabe que eu não me incomodo.
 
Marilena saiu da sala e foi para o quarto telefonar. Tavares, aliviado, virou pro lado e adormeceu com a televisão ligada. Por volta das oito da noite, Marilena apareceu na sala e se despediu do marido.
- Estou indo. Se tiver com fome tem sanduíche.
Tavares fingiu interesse e comentou, displicente:
- Que horas você às nove. Depois vou lanchar com a Adélia. Devo chegar meia-noite.
- Vai de carro ou de táxi?
- A Adélia vai passar na esquina pra me pegar. Deixa eu ir. Estou atrasada. Tchau.

Assim que a mulher saiu, Tavares pegou o telefone e fez uma ligação.
- Ela já foi. Vem pra cá. Temos até meia -noite. Traga o material.

Desligou, esfregando as mãos, empolgado. Foi até a geladeira, pegou uma cerveja e tomou o primeiro gole com satisfação. A campainha tocou. Tavares correu para atender. Era o vizinho Arnaldo, que foi entrando, sem pedir licença.
- Ô rapaz, você não sabe onde colocou as peças?
- Acho que a Marilena sumiu com elas. Você trouxe?
- Claro. E eu vacilo? Tá tudo aqui.
- Então vamos começar o jogo, que hoje lhe dou um mate pastor - e riu, com ar desafiador.

Enquanto Tavares e Arnaldo iniciavam a partida de xadrez, Marilena entrava no carro de Serginho, filho de Arnaldo.
- Tem certeza de que seu pai não desconfia de nada?
- Tenho. Ele é muito desligado!
- Será que ele foi lá pra casa jogar xadrez com o Tavares?
- Com certeza. Falou na revanche a semana inteira.

Riram, com ar de cumplicidade. Marilena beijou Serginho, carinhosamente.
- Vamos nos divertir muito hoje. Em qual motel nós vamos?
- Que tal naquele com cadeira erótica?
- Adoro. Ele tem aquela cascata colorida, que me faz sentir uma estrela em Hollywood!
- Trouxe o talão de cheques?
- Claro, Serginho. Não precisa se preocupar.
- E a Adélia? Vamos pegá-la na esquina de casa?
- Não, ela está esperando no lugar de sempre. O marido é desconfiadíssimo.

Serginho pigarreou, se ajeitou no banco do motorista, deu uma olhada no espelho e depois de mexer nos cabelos, pensou que, para os seus vinte e dois anos de idade, passar a noite de sábado com duas coroas fogosas era muito excitante. Embriagada pela promessa de momentos de prazer, Marilena comentou, com ar sonhador olhando pela janela:
- O tempo está melhorando. Acho que amanhã vai fazer sol.

Serginho sorriu e ligou o rádio. A voz da cantora Ana Carolina tomou conta do ambiente. Seguiram acompanhando a música em pensamento, excitados com a idéia de viverem, mais uma vez, o doce sabor do pecado.


Nota do Editor: Celamar Maione é Radialista e jornalista, trabalhou como produtora, repórter e redatora nas Rádios Fm O DIA, Tropical e Rádio Globo. Foi Produtora-Executiva da Rádio Tupi. Lecionou Telemarketing, atendimento ao público e comportamento do Operador, mas sua paixão é escrever, notadamente poesias e contos.

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