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Settembrini
articulista@ubaweb.com
Se o arquiteto é o poeta da alma das cidades, ou nossas cidades não tem alma, ou nossos arquitetos só fazem versos de pé quebrado...
Em Ubatuba, cidade onde começa o verão no Brasil, em que a luminosidade e a ventilação natural são exuberantes, a maioria dos prédios construídos nos últimos vinte anos têm janelinhas deste tamanhinho e ao lado de cada uma delas, um suporte para ar-condicionado. O que se gasta com luminárias, principalmente em prédios de estabelecimentos bancários e na maioria dos edificados pelo governo do estado, é assombroso. Em pleno verão, são trocentas lâmpadas fluorescentes acesas durante o dia e outros tantos ares-condicionados funcionando full time. Vivemos de choques térmicos duplos: o dos saldos em contas-correntes e o do entra e sai desses prédios.
Será que esses disparates se devem à ansiedade que temos por ser o país do futuro, da modernidade e que, por isso, acabamos sempre dando as costas ao passado, à nossa cultura? Parece que somos eternos contemporâneos. Quem tiver a oportunidade de entrar no Casarão do Porto entenderá o que quero dizer.
É um sobrado com pé-direito, janelas e portas que permitem à luz do dia e ao vento marinho bailar livremente por seus cômodos. Por que não aprender com essas obras, com a intuição de nossos antepassados, com o significado, com o sentido que elas possuem? Talvez seja preciso, mais do que nunca, meditarmos profundamente na palavra hábitat, na palavra morada. Talvez tenhamos que repensar a nossa própria humanidade que, neste final de século, consolida-se, cada vez mais, em coisa. Rebanhos, conformados, confinados ou em trânsito.
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· Até segundo aviso...
L. C. Santos Pena
articulista@ubaweb.com
"Até segundo aviso quando volto a trabalhar..."
Todos falam do turismo, turistas, veranistas, farofistas, paisagistas e outros istas. Mas ninguém procura conquistas. E para conquistas há que se planejar, ter projetos, levantar recursos e colocá-los em prática.
O tema é velho. A discussão idem. Verão vem, verão vai. E não verás cidade como esta. Todos de pires na mão, ou o que dele sobrou do verão passado. À espera do sol, que dure e nos ilumine, à contenção da devastação de nossas matas, que as noites sejam agitadas e que, ao final possamos nos locupletar quando a estação chegar ao fim.
Sai verão, entra verão ... Como se o simples existir do mar, do sol, de paisagens paradisíacas pudessem per si trazer o que todos esperam. Talvez nos anos 60, talvez... Aos menos avisados os anos 60 e mais quase quatro décadas depois já passaram. Dream is over e eles nem no sleep bag dormiram e sonharam. Andariam contando o vil metal? E-mail para a redação.
O Aurélio nos define turismo:
1. Viagem ou excursão feita por prazer, a locais que despertam interesse.
Ubatuba e região podem ser enquadrados no dito acima. Qualquer turista tupiniquim ou não que já tenha navegado por outros mares sempre nos diz que temos uma das mais bonitas costeiras, praias e mar de todo o mundo.
O que se espera para se reverter isso em serviços, prazer e dinheiro? Well, há adendos segundo o Aurélio: turismo:
2. O conjunto dos serviços necessários para atrair aqueles que fazem turismo (1) e dispensar-lhes atendimento por meio de provisão de itinerários, guias, acomodações, transporte etc.
Aqui que está o busílis. Como vivemos sol, quero dizer, sol, não, só por conta do sol, nosso astro rei, dele tudo esperamos, inclusive que possa nos trazer o que está no item 3 aí embaixo. Rir. Os raios solares devem ter queimado os nossos miolos, não havendo filtro solar que de jeito.
Turismo é serviço, turismo é uma industria. Para que o mesmo funcione há a necessidade premente de investimento. Investimento não se faz sem planejamento, sem projetos, a curto, médio e longo prazo. Mas isso deve soar como heresia, uma provocação de quem anda fora da realidade.
Basta colocar na TV global que o verão aqui começa mais cedo, trazer trios elétricos que nos mantenham acordados até alta madrugada (pra mostrar serviço?), inventar uma bobagem ou outra (não há outro termo para o que fazemos) até o final da estação e, pouco a pouco felizes e ufanos vamos matando a cidade, conhecida como antiga pérola do litoral norte.
Como planejar, projetar, investir? Well, estamos querendo o caminho das pedras. Os nobres cidadãos, principalmente os ungidos à presidência disso ou daquilo, os empresários tão ávidos para que o sol brilhe e outros mais e menos votados (os mais, primeiros) deveriam começar a pensar (faço um esforço para acreditar que sol não lhes torrou os neurônios) menos e agir mais. E parar de contar com o Estado, os cofres públicos, essa mama eterna.
Onde começar? Podem olhar no site da Embratur. Há várias dicas lá para os bem pensantes. Para os maus, nosso caso, também. Agindo um pouco sem má fé, planejando, com certeza acontecerá o que Aurélio nos diz no terceiro item. Turismo:
3. O movimento de turistas. Escrevi turista. O grifo é meu.
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