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Ano 1 - Nº 4 - Ubatuba, 17 de Janeiro de 1.998

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· Turista Indignado
Paulo Sérgio de Azevedo
paulo.azev@hipernet.com.br

Pela primeira vez em 01/01/98 conheci a maravilhosa cidade de Ubatuba.
Fiquei muito contente com as praias extremamente limpas e bonitas. Porém, duas coisas me indignaram profundamente:
1ª - A falta de infra-estrutura da cidade (ruas de terra, cidade mal sinalizada, falta de policiamento de trânsito). Todo mundo fazia o que queria e onde queria;
2ª - Quando em 03/01/98 (à noite) passeávamos na avenida principal do centro (a beira-mar), paramos para apreciar um grupo peruano (Lenda Viva) que tocava uma música extremamente interessante e agradável (ao lado de uma grande casa de madeira). Assim como minha família, muitas pessoas também apreciavam a bela música do povo peruano, quando inesperadamente um "iluminado" fiscal aparece para acabar com a música e por tabela com a festa de todo mundo, alegando o comércio ilegal de músicas, através de fitas e CD's.
Ora, fica o questionamento: na mesma avenida havia arruaça da molecada com seus carros equipados com "sons impecavelmente bem instalados", porém executando músicas de extremo mal gosto com volumes altíssimos e altamente enervantes. Pois bem, porque motivo o "iluminado do fiscal" também não acabou com a festa da molecada, ato perfeitamente justificável, diga-se de passagem, pelo simples motivo de estar impedindo a tranqüilidade e ordem pública. Entendo que é apenas uma questão de bom senso. Não podemos impedir a propagação da cultura, como foi o caso da boicotada na lindíssima música peruana, com o pretexto de não estar arrecadando fundos à prefeitura. Creio sim que a Prefeitura Municipal de Ubatuba tinha era que instalar um grande palanque e permitir a apresentação de grupos artísticos, pois é esse tipo de atitude e programação que atrai o turista. Não se esqueçam, turista contente é turista consumista e por tabela é mais dinheiro no município. Particularmente fiquei extremamente chateado e triste ao ver aquele pessoal com o semblante sem graça e cheio de talento impotente frente ao problema, assim como muita gente ficou, pois todo mundo reclamava do ocorrido.
Conto com o bom senso dos administradores da Prefeitura Municipal de Ubatuba para regularização/reparação do fato.Fim do texto.


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· Beleza Estética e a Beleza Natural
Aládio Teixeira Leite Filho
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Detalhe de A Criação - Capela Cistina - Michelangelo Buonarotti A beleza natural fascina o homem principalmente pela dificuldade que o mesmo encontra para explicar sua concepção, dado sua complexidade e grandiosidade com que pode florescer nos mais inusitados ambientes, muitas vezes a se pressupor desfavoráveis e no entanto inexplicavelmente palco dos mais belos fenômenos naturais. Na bíblia podemos encontrar uma referência sobre a questão que ora tratamos, que nos serve perfeitamente para ilustrarmos nossas afirmações. Em Mateus 6;20 - há um trecho que diz o seguinte; - Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam. E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda sua glória se vestiu como qualquer deles.
Paradoxalmente, a beleza artística é a exteriorização da essência interior do homem, que aflora em forma de arte e também o momento em que o homem em plena comunhão de seus discernimentos a cerca do aspecto de ordem natural e da realidade concreta e existencial que o envolve e viabiliza com que o mesmo crie e dê luz ao seu potencial artístico que se exprime através de uma obra que pode ser um afresco como o da Capela Cistina, criação de Michelangelo, uma sinfonia como as de Beethoven, um romance como Dom Casmurro de Machado de Assis, que tem como ponto alto o enigma sobre a personagem Capitu, se cometeu ou não adultério ou uma pintura não menos enigmática como a Mona Lisa (La Gioconda), obra concebida por Leonardo da Vinci, que podemos tranqüilamente afirmar ser a própria materialização do que vai na alma do artista.
Por outro lado quando o homem é afetado por qualquer aspecto, que lhe cause conflitos de qualquer ordem interior e de ordem existencial, também sua arte será seguramente afetada e fatalmente aparecerá exprimida em sua produção artística.
Guernica - Pablo Ruiz y Picasso A Guernica de Picasso é um exemplo vivo desta afirmação, posto que o pintor atingido pelas atrociadades horrorosas da guerra civil espanhola, acaba canalizando todo esses aspectos retratando fielmente, todas as mazelas causadas pela guerra, inclusive em seu interior que se revela decepcionado com a falta de bom senso dos que apenas querem o poder para subjugar e não para proporcionar avanços para a sociedade ou se utilizando chavões nacionalistas, para a pátria... Nesse sentido percebemos inclusive que a percepção da beleza artística é superior ou talvez mais compatível com os preceitos humanos, que a beleza natural, posto que é a exposição do próprio âmago do ser humano, sendo que tudo que provem do espírito é de uma certas forma mais elevado ao que existe na natureza.

Estética - A Beleza Artística

Quando materializamos uma idéia de modo que possa ser facilmente notada por todos, logicamente que pode-se através da obra concebida, causarmos impacto, e em alguns casos até impressionarmos, pela maneira genial como executamos nossa criação e pelos nuances de beleza estética que possam permeá-la, contudo podemos facilmente concluir que o tipo de beleza que mais capta a curiosidade humana e a que realmente lhes causa profunda fascinação são aquelas criações as quais sua percepção não é tão óbvia, tão palpável e demanda da parte de quem a está apreciando um certo aguçamento e exercício mental, que permita decodificá-las e, só então poder formar opinião sobre a mesma.
Mona Lisa - Leonardo da Vinci Porém é de bom alvitre que se tenha de pronto a consciência de que a opinião sobre estes tipos de criação nunca podem ser estanque, conclusiva, haja vista que a mesma, sempre estará suscetível a outras interpretações, posto que é de sua natureza permitir inúmeras lucubrações que certamente remeterão às mais diferentes interpretações, posto que obras deste calibre, sempre serão extremamente abertas, possibilitando que cada um projete sobre elas, seu ponto de vista, determinado pelo âmago dos valores que cultua e, pelos quais se deixa sensibilizar, aspecto que indubitavelmente o remeterá a uma determinada impressão, que é particular e que a grosso modo, em hipótese alguma poderá compartilhar com outros que certamente terão chegado a conclusões diferentes, usando o precedente que estes tipos de criações artísticas permitem e que essencialmente lhes garante exercer completo fascínio sobre todos nós pobres mortais...Fim do texto.

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