Náutica
Ricardo Faria - Editor do Jornal Hollyday Tour
articulista@ubaweb.com
· 4ª Regata AUMAR de Veleiros Monotipos
No dia 31 de janeiro acontecerá a 4ª Regata AUMAR de Veleiros Monotipos.
Estarão participando as classes hobie cat, holber e laser.
A regata vai contar com a presença dos atuais campeões paulista e brasileiro da classe holber.
A 4ª Regata AUMAR de Veleiros Monotipos será realizada na praia da Enseada, em Ubatuba, SP, a partir das 11 horas do dia 31 de janeiro, sábado. Tem apoio e patrocínio das Tintas Ypiranga, com supervisão técnica da FEVESP - Federação de Vela do Estado de São Paulo.
Os vencedores receberão o troféu Rapunzel, uma homenagem ao iatista Marçal Ceccon, que viajou pelos oceanos durante 4 anos, vivendo atualmente no veleiro Rapunzel, no Saco da Ribeira em Ubatuba, SP.
Maiores contatos:
· AUMAR - (012) 442-0304, com Miguel ou Alexandre
· FEVESP - fevesp@dialdata.com.br
Mais de 50 barcos são esperados para a regata que tem o apoio especial da Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos em São Sebastião, SP, do jornal Hollyday Tour (A Serviço da Náutica) e da Revista UbaWeb (criada para a divulgação da região pela Internet).
· O mar como companheiro
No início a paixão pela aviação, depois a náutica, o ronco dos motores e mergulho.
O gaúcho de Porto Alegre, Wallace Franz, 69 de idade, completa 70 em setembro, é especialista em eletrônica de aeronaves. Estudou na Inglaterra e lá trabalhou na Panamerican. De volta, ingressou na Real Transportes Aéreos, como chefe de comunicações. O desafio tecnológico da motonáutica foi a atração maior. Aguardamos na aconchegante residência, à Av. Miguel Hipólito do Rego, em São Sebastião, SP. Lá pelo começo da noite, chegou pelo mar, vindo do hotel Ilhabela, onde dá aulas de mergulho. Por gosto e reforço do orçamento doméstico.
E ele explica: "Quando trabalhava na Aerovias Brasil, o Dr. Ademar de Barros comprou um Catalina, na Califórnia. Eu integrava a tripulação técnica do avião. Em 1.952, houve um acidente ao lado da ilha das Couves, em Ubatuba, SP. No pouso a aeronave saiu fora d'água com um vento sudoeste de través, quebrou a asa direita e ficou semi submerso. Com a outra meia asa e um motor funcionando o comandante Barros conseguiu chegar à praia de Pincinguaba, onde descarregamos os 13 passageiros, entre eles os dois filhos do Ademar, o Ademarzinho de Barros Filho e o Toninho. Deixei a aviação e iniciei algumas atividades particulares."
O encontro com Floriano: "Certa vez, me encontrei com o pioneiríssimo Floriano de Andrade e junto com o Plininho Careca e mais uns dois ou três abnegados fundamos o Ubatuba Iate Clube. Foi o princípio de nossas atividades de mergulho, de caça submarina, em 1.954/55. Aí, para mergulhar tinha que ter barco e chegar rápido nos pesqueiros. Consegui um subsídio na Carbrasmar e montei o primeiro de madeira, um Xaréu de 22 pés, com dois motores Volvo de competição."
As competições: "Com o Xaréu ganhamos corridas, por alguns anos o Circuito Santos, Rio. Fui correr na Argentina, no Campeonato de 1.966, fiquei em segundo lugar e fui desenvolvendo a parte tecnológica de barcos e motores para obter um desempenho melhor. Comecei a correr com um catamaram, na represa de Guarapiranga. Fui o pioneiro no Brasil em corridas com motor de popa nesse tipo de embarcação. Os catamarans evoluíram para a categoria ON. A nossa escuderia era a Auto Board Marine, Johnson e Evinrude, numa disputa de marcas contra a Mercury que tinha o piloto gaúcho Lauro Corbetta."
O começo da Off Shore: "A coisa se desenvolveu e iniciou-se a Off Shore. Montamos o primeiro barco na Carbrasmar, o Pangaré Trio, hoje do Wilson Fittipaldi. É um 32 pés normal, convertido para Off Shore. O primeiro do mundo a ter três rabetas da marca Volvo de competição. Os motores, também Volvo, já tinham 225 hp cada, uma conversão dos 6 cilindros OQ-170, transformados para 220."
Campeonato mundial: "Naquele tempo, em 1.975, tínhamos a nossa própria escuderia, o Pangaré Racing Time. Os meus filhos com Elly, Martin, Norman e Malcon estudavam engenharia. E me ajudavam no projeto e na construção. Tudo feito em casa com recursos próprios, modestamente, mas com alto nível tecnológico. Tanto é que ganhamos o campeonato mundial."
Um susto: "Tive corridas difíceis e de alto risco. Outras com muitas mudanças de rumo, como no caso da África do Sul, onde fui campeão por 3 anos consecutivos. A terceira, em 1.976, teve 48 mudanças de rumo. Foi realizada num dia de neblina muito intensa. O Pangaré foi único a chegar, numa corrida toda plotada no radar da Marinha Sul Africana. Nós fizemos as mudanças de rumo dentro da névoa, em alguns lugares nem se enxergava a proa do barco. Nos desviamos de um navio por ter sido ele recentemente pintado. No mar se sente um cheiro diferente a 200 metros."
A motonáutica: "Ela desenvolveu-se bastante naquela época, com as corridas de represa, em catamarans e as de Off Shore com a tradicional Santos-Rio que ajudamos a organizar através do Iate Clube de Santos e o apoio da Marinha do Brasil. Nessa época, a Confederação Brasileira de Vela e Motor tinha como presidente o falecido almirante Dantas Torres, muito amigo e que também corria em ON, com um motor igual ao nosso. Fabricado pela Johnson para competições bastante acirradas. Tinha o Tony Mauro e o Lauro Corbetta que corria de ON."
A crise na motonáutica: "Em São Paulo, havia as corridas de 3 pontos sem limite. Depois, em 72, veio a crise do petróleo e foram proibidas, já que os motores usavam gasolina de avião. Os 3 pontos evoluíram com alguns mecânicos ultra competentes conseguindo converter os motores para álcool. O Paulinho Japonês é um expoente nessa área, conseguiu ser campeão brasileiro e paulista várias vezes, convertendo o motor V-8, Chevrolet 285, do Corvette."
A náutica hoje: "Está resumida à náutica de turismo. As competições se extinguiram, graça as crises do petróleo e financeira. Isso afetou diretamente a atividade. Os motores de popa de corrida foram projetados para queimar gasolina de 100 octanas. E não se pode converter, já que o álcool tem basicamente 5.6 quilo caloria por litro e a gasolina, 13. Após a morte do Dantas Torres a Confederação dedicou-se mais à vela, com grande sucesso até hoje. Também influem os custos dos materiais importados e o poder aquisitivo dos motonautas. Lá fora, a coisa evoluiu, existem motores especiais para a motonáutica de barra afora. Os catamarans grandes de corrida, hermeticamente fechados, com 3.000 cavalos. São 4 motores de 750 hp, dois de cada lado, com rabetas e hélices especiais e andando a 130 milhas por hora. O custo é elevadíssimo, somente os árabes, os donos do petróleo, é que têm uma equipe muito importante nos Estados Unidos e a Union International Motonautic continua regulamentando as corridas."
Wallace Franz é alguém especialmente energético. Falar de perto com ele significa aprender muito sobre o mar, mergulho, motonáutica, tecnologia e a própria vida.
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