O título acima é a transcrição da fala de um dos participantes do Seminário de apresentação e discussão do Diagnóstico Regional Urbano Socioambiental Participativo, realizado em 13 cidades do litoral paulista (Baixada Santista e Litoral Norte) pelo Projeto Litoral Sustentável - Desenvolvimento com Inclusão Social, com o apoio da Petrobras, realizado no dia 21/12/2012 no Centro Universitário Módulo, em Caraguatatuba. Essa intervenção representa um certo ceticismo e preocupação com os rumos que a região está tomando. Todos foram unânimes em elogiar o evento mas têm dúvidas se os governos vão realmente colocar em prática as orientações e propostas, especialmente no que se refere à inclusão social dos moradores. O receio é que as obras de impacto - duplicação da Rodovia dos Tamoios, a construção dos contornos norte e sul em São Sebastião e Caraguatatuba, ampliação do Porto de São Sebastião e expansão das atividades da Petrobras - contribuam para o inchaço da região, trazendo trabalhadores de fora e não aproveitando a mão de obra local e, em conseqüência, tornando mais caras as moradias, levando as populações mais pobres a ocuparem áreas de risco e de preservação. Foram feitas críticas contundentes à aplicação diferenciada das leis de acordo com as classes sociais, que fecha os olhos aos abusos das classes altas e penaliza os mais pobres. Para exemplificar a situação foi citado o caso da expulsão e demolição de moradias populares em São Sebastião e a posterior ocupação por condomínios de luxo. Outro ponto levantado é que as atividades turísticas estão voltadas para a praia e de costas para a Mata Atlântica, não aproveitando a rica biodiversidade e os parques naturais como atrativos que poderiam fortalecer um fluxo turístico mais permanente, minimizando os problemas da sazonalidade e do veranismo de segunda residência. Há necessidade de um trabalho de conscientização dos turistas para criar uma relação mais harmônica com a natureza para garantir o bem estar de todos e a sustentabilidade do ecossistema. O grupo que discutiu o tema resíduos sólidos concluiu que é necessário uma gestão compartilhada para permitir economia de escala com a coleta seletiva, vista como a solução mais adequada e que garante a inclusão social dos catadores, geração de renda e redução dos gastos. A incineração foi descartada pois, para gerar energia e se tornar rentável, é necessário gerar maior volume de resíduos e a solução é a sua redução. Para isso é urgente a mudança dos padrões de consumo. Quase ausente no início da discussão, depois do trabalho em grupos, foram abordadas preocupações com o futuro de crianças e adolescentes no sentido de melhores e mais adequadas oportunidades educacionais e culturais de maneira a criar perspectivas melhores de vida impedindo sua marginalização e prevenindo a violência e o tráfico de drogas. Ubatuba foi bem representada quanto ao teor das intervenções nas plenárias e nos grupos e em número de entidades e de participantes do próximo governo. Como estratégia para conseguir acompanhar o trabalho dos diferentes grupos, os representantes de Ubatuba se dividiram entre os diferentes grupos temáticos.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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