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COLUNISTA
Rui Grilo
28/09/2017 - 06h48
Perequê-Açu, em Ubatuba, pode virar Massaguassu
 
 

Já houve vários incêndios e assassinatos em prédios, nos quais se perderam muitas vidas. Como exemplo, podemos citar o incêndio do Joelma e do Andraus e aquele crime em que os pais jogaram a filha do alto. Portanto, uma medida para acabar com isso seria a proibição da construção de prédios. O que você acha dessa solução?

Aqui, em Ubatuba, sob o pretexto de que é um mato que enfeia a praia, que se joga muito lixo no jundu e, que nele se escondem marginais que atacam as pessoas, nas praias do Perequê-Açu, do Centro e do Itaguá, o jundu tem recebido uma poda drástica. No fim do Perequê, depois que ele seca, muitas vezes ele é queimado.

E qual o problema? A praia não precisa ser bem cuidada e não se deve cuidar da segurança das pessoas?

Será que o corte do jundu não seria parecido com a proibição da construção de prédios? Resolve mesmo o problema sem criar outro pior?

Qual o valor do jundu?

Segundo a Wikipédia “jundu ou mata de de jundu é uma mata de baixa estatura formada por gramíneas e arbustos com uma rede de raízes profundas que seguram totalmente os grãos de areia a beira da praia.” Como é totalmente adaptada às altas e baixas marés é uma vegetação de proteção a biodiversidade costeira.

No Perequê, pude observar que ela ocorre com mais frequência próxima à saída das enxurradas das águas pluviais, que em épocas de chuva tem bastante força para erodir suas margens, danificando a calçada e a avenida.

Quando estive no Nordeste, observei vilarejos que foram “engolidos”, enterrados por grandes dunas de areia levadas pelo vento. Para minimizar esse deslocamento da areia pela ação do vento, constatei que enterram folhas de coqueiro e outros arbustos, formando uma espécie de muro de contenção.

Próximo de nós, o avanço do mar na Praia de Massaguassu, ameaça de erosão a calçada beira-mar, chegando algumas até a pista da BR-101. Acredito que o município de Caraguatatuba esteja gastando uma boa soma de dinheiro para minimizar esse problema. O trabalho de contenção nem sempre tem resistido à força do mar e do vento.

É isso que queremos em nossas praias?


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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