Esse foi o manifesto de um grupo de moradores do Perequê-Açu, no dia 13/10 durante a inauguração do Centro de Capacitação Profissional. Mas o governador deu bolo em todos. Dizem que, em 2002, quando o Covas era candidato a governador, prometeu que em cinco anos no máximo, grande parte da rede de esgoto de Ubatuba estaria concluída. Um amigo me disse que havia um outdoor, nas Toninhas, com o cronograma das obras dos diferentes bairros. Mas esse cronograma desapareceu. Ninguém sabe porquê. No entanto, até hoje, metade do Perequê-Açu, um dos bairros mais antigos e povoados de Ubatuba, não tem rede de esgoto. Diz que tem mas falta ligar. Pior ainda. Eu me lembro que, durante vários anos, trabalhei com o texto “Litoral Norte pode morrer na praia”, publicado na Folha de São Paulo em 11/04/2005. Nele, seu autor, Antonio Marcos Capobianco, ex vice-presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, fazia ácidas críticas ao desempenho da Sabesp na região e ao descaso dos governos federal, estadual e municipais. Segundo o autor, a própria empresa responsável pelo saneamento poluía a praia. Para ele, a região é patrimônio triplamente “protegido” devido ao fato de ser Mata Atlântica, serra do Mar e zona costeira e por isso “a responsabilidade do poder público é questão de segurança nacional”. Na década de 70, a região da Capela do Socorro, entre as represas Billings e Guarapiranga, não possuía rede de água e esgoto. Foi necessário que todos os bairros da região fizessem um grande movimento, durante vários anos, e que culminou com uma caravana de 40 ônibus de manifestantes na na frente da sede da Sabesp, no bairro de Pinheiros. Foi assim que conseguimos a instalação da rede de água no final da década. Depois do ato no dia 13/10, o prefeito de Ubatuba e presidente do Comitê de Bacias Hidrográficas do Litoral Norte, convocou uma reunião extraordinária do Comitê em Caraguatatuba para tratar desse assunto. No dia 19/10, na reunião do Comitê, o prefeito de São Sebastião denunciou o presidente da Sabesp pelo tratamento desrespeitoso aos prefeitos do Litoral Norte afirmando que não há interesse da companhia porque a região só dá prejuízos. Pedro Tuzino, secretário de Infraestrutura Pública de Ubatuba, concordou que o saneamento não dá lucro porque grande parte dos imóveis são usados apenas no período do verão e as obras são caras devido às condições do solo. No entanto, para ele, saneamento é uma questão de saúde pública e a região deveria ter um tratamento diferenciado por servir de apoio e lazer a grande parte de pessoas que tem a região como segunda moradia. Resta agora saber se os prefeitos vão ter peito de enfrentar o governador e cobrar providências pois o apoiaram e garantiram a ele uma das maiores votações proporcionais. Será que vai continuar “dando o bolo”?
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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