Hoje há mais de um milhão de crianças, reduzidas a mercadorias, sendo traficadas para serem exploradas sexualmente, para pornografia, para mendicância, para trabalho escravo ou para terem seus órgãos extirpados para serem transplantados em hospitais de classe A em pessoas que tem dinheiro para pagar. E a rota desse tráfico vai de regiões mais pobres para regiões mais ricas como Estados Unidos, Europa e Japão. Mas esse tráfico também é interno. Na BR-116, ao ser pego com uma garota de 10 a 12 anos, um caminhoneiro gaúcho foi questionado se tinha filhas e respondeu que tinha uma de 16, uma de 14 e uma de 8. Questionado sobre o que faria se pegasse um homem com suas filhas ele disse que elas eram crianças. Concluímos então que, aquela menina que estava com ele não era percebida como criança, mas como uma mercadoria. Hoje já é a segunda maior fonte de renda, tendo ultrapassado o tráfico de drogas e apenas suplantada pela venda de armas. E uma das formas de tráfico, segundo a UNICEF, é através da adoção. É inaceitável que o Brasil, sendo a sétima potência econômica mundial, ainda não tenha resolvido o problema de tráfico de seres humanos, sendo o maior exportador de seres humanos para serem escravizados sob as mais diferentes formas. E 82% desses seres são mulheres e 92% dos receptadores são homens. Esta é uma síntese da apresentação da jornalista Priscila Siqueira na reunião do Comitê de Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos do Litoral Norte, realizado em São Sebastião, nesta quarta. A próxima reunião será em Ubatuba no dia 15/06, às 14 h. O local será divulgado assim que for definido. O Comitê foi criado em decorrência do Decreto nº 54.101, de 12 de março de 2009, que instituiu no âmbito de São Paulo o Programa Estadual de Prevenção e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas - PEPETP, ligado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em alinhamento à Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas estabelecida no plano nacional pelo Decreto Federal nº 5.948, de 26 de outubro de 2006. Estas ações representam a participação do Brasil como signatário da Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional e do Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Seres Humanos, em Especial Mulheres e Crianças.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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