Dentre as notícias da semana chamou-me a atenção a do desmantelamento de um laboratório de fabricação de cocaína. Dizia a notícia que fabricavam toneladas da droga, que o faturamento da gang era de mais de QUATROCENTOS milhões e que pagavam quarenta reais para as pessoas irem até uma farmácia comprar a matéria-prima necessária. Fui obrigada a pensar: que negócio bom esse de cocaína não? O engraçado é que é tão combatido mas só aumenta. Aumenta o negócio porque aumenta o consumo - como é que pode? Para ganhar UM milhão de reais em um ano, quantos salários de trabalhadores honestos precisariam somar? Ainda digeria esses absurdos quando outra notícia chegou: a da greve dos professores. Fui obrigada a comparar: sabe quantas aulas um professor precisa dar para ganhar os mesmos quarenta reais? Em média cinco aulas, das sete da manhã ao meio dia, em classes de quarenta alunos. Quer dizer que estudou, investiu para ter uma vida honesta, para passar a manhã toda com duzentos seres humanos sem limites e sem educação familiar e ainda com a sociedade inteira de olho nele fazendo pressão! Ainda precisa fazer greve para tentar melhorar sua condição salarial, levar cacetadas da polícia para ver se aprende a ficar quietinho sem reclamar e depois tem que repor as aulas aos sábados, domingos e feriados! Já os da gang que foram presos terão férias pagas em suítes confortáveis, com TV, frigobar e com direito a churrasco e visitas íntimas nos finais de semana. Diante deste quadro qual seria a escolha de um jovem? Vou confessar que me senti como a mocinha da novela: boa, honesta, pobre e burra e para continuar vivendo fui obrigada a concluir: esse mundo está virado de cabeça para baixo!
Nota do Editor: Mariza Taguada, professora de profissão e artista de coração, é paulistana e moradora de Ubatuba (SP) desde os velhos tempos.
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