Depois de muito protelar, muito resistir, outro dia comprei uma blusa totalmente de plástico, de petróleo, de poliéster. Logo eu que sou filha e neta do algodão e bisneta das fibras naturais! Confesso: fui vencida pelo “todo mundo usa” e por constatar que em toda loja popular “só tem isso”. Basta ver a expressão de espanto das vendedoras quando pergunto: - Tem blusinhas destas (de poliéster) só que de algodão? Pois é como se perguntasse: - Você viu um marciano hoje? (!!!!!!!!) Tudo bem... comprei agora vou experimentar! E comecei a usar as blusas (comprei várias... tão baratinhas!). Ao bem da verdade devo dizer que são lindas as cores, as estampas e vestem bem. Não vou negar que esteticamente gostei! O único “probleminha” é que onde tem poliéster o corpo não respira! Para a inteligência autônoma do corpo isso é um mau sinal: - Epaaa, alguma coisa errada no órgão pele! - Grita o comandante Cerebelo lá do comando geral. - Soem as sirenes! Avisem o tenente Metabolismo para agir rápido! É nessa hora que as partes descobertas do corpo passam a trabalhar mais, compensando a falta de respiração que aquela blusinha, tão linda e que te deixa tão bonita, está causando. Considero isso uma das causas da minha ida ao dermatologista, mas isso é outra história. Agora pergunto: por onde anda o algodão? Aquele tecido gostoso, que abraça a pele, protegendo-a? Que encontrávamos cru, tingido, estampado? Que talvez não caísse tão bem como o de plástico, mas que dava bem-estar! Cadê nossa indústria de tecidos e roupas de algodão?Cadê? Ahhhh! É claro! Como poderia esquecer do poder das multinacionais, dos monopólios, dos países do primeiro mundo, do capitalismo selvagem e da revolução chinesa (escravocrata e mais selvagem ainda), dos extremismos e tudo mais? Nossa! Acho melhor procurar uma boa costureira!
Nota do Editor: Mariza Taguada, professora de profissão e artista de coração, é paulistana e moradora de Ubatuba (SP) desde os velhos tempos.
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