Passo bastante tempo esperando ônibus. O famoso coletivo. É um momento que aproveito para estudar meus textos e para refletir, quando estou só, e quase sempre entabular conversa com outro “esperante”, quando aparece alguém. Pesquisa antropológica, diria minha xará. Hoje, cheguei no ponto e lá estavam uma mãe e seu filho de nove ou dez anos. Ele, muito falante, logo me perguntou: - Vai tomar o Horto? - O que vier primeiro – respondi. - Ih! Cidade já passou um monte - retrucou. Calculo que vou esperar bastante. A mãe entra na conversa, falando sobre o tempo. Sempre um bom motivo para se iniciar uma conversa. Papo vai, papo vem... a mãe me pergunta: - A senhora é professora? - Sou. - Logo vi - completou ela - a senhora tem jeito. - Cara de professora, né? - brinquei. - É sim. Assim sorridente, conversando com o menino, é esse jeito de tratar a criança, jeito de professora. A conversa continua, pergunto ao menino coisas da escola. De repente, a mãe conta: - Sabe, eu tinha um sonho de ser professora ou médica pediatra. - Tinha não, tem – falei - você ainda não morreu! - É mesmo, né? A conversa encaminhou-se nessa direção. O ônibus veio: era Cidade. Eu embarquei e eles ficaram lá... sabe-se lá por quanto tempo... Eu fui pensando que sempre há tempo de realizar um sonho. É preciso primeiro acreditar que toda pessoa pode realizar seu sonho. Quem tem fé pode, com certeza! Depois é questão de força de vontade e determinação.
Nota do Editor: Mariza Taguada, professora de profissão e artista de coração, é paulistana e moradora de Ubatuba (SP) desde os velhos tempos.
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