25/11/2024  07h48
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
COLUNISTA
Mateus Modesto
27/11/2008 - 07h56
Evolução
 
 

André e Flávia não se continham de alegria. Cinco anos de namoro. Primeiro mês de casados. A intimidade à noite crescia a cada dia. Mantiveram-se puros até o matrimônio. Riam e conversavam antes de dormir. Era tudo novo. E agradável. Apaixonante.

Acordou no meio da noite. A esposa não conseguia dormir. A enorme barriga era incômoda. De lado, às vezes, não resolvia. As noites eram mais longas. Flávia mal pregava os olhos. Lia e bordava nas madrugadas. André fazia-lhe companhia. Mas raramente.

Irritou-se nos primeiros dias, mas depois se acostumou. Era tudo muito novo. Acordar nas madrugadas com o bebê era uma fase. André custava a entender isso. Flávia fazia a linha mais moderada. Sempre quis ter filhos. E Marcos seria o primeiro de uma linda e numerosa família. O marido fazia cara feia. Sempre dizia: “Nenhum mais!”. Conversa fiada.

O quarto pesteava-se de brinquedos. Patos de borracha, carrinhos, trens, bonecos. Debaixo da cama havia centenas deles. Em péssimo estado de conservação. Marcos e Lucas não paravam quietos. Isso lhes custava uns castigos. Mas boas diversões.

- Criança saudável vive pulando e correndo mesmo, meu amor.
- Mas eles precisam ser obedientes.
- E são! Eu não os defendo sempre, você sabe disso.

André sabia muito bem do que a mulher escondia. Mas ele gostava de bancar o durão. Afinal, os meninos precisavam ver na mãe a docilidade e o refúgio, enquanto no pai a autoridade e o zelo.

Os meninos ainda nem haviam tomado banho quando o pai os chamava na cozinha. Eles nem bem tomaram o café, o pai já estava com o carro fora da garagem, gritando-os. Acordar para a escola era um dos maiores desafios de Marcos e Lucas. Perdiam quase sempre.

André buscava os filhos em casa e não os achava. O celular estava sempre ocupado. Tinham horário de chegar. Sem no minuto final. Mantinham boa relação em casa, mas os amigos surgiam de todos os lados. E novas diversões. Os estudos também ocupavam boa parte do tempo. Flávia preocupava-se com o marido. Ele parecia não se dar conta da evolução dos meninos.

A faculdade tirou Marcos de casa. Depois Lucas. Os meninos cresciam e tornavam-se independentes. André não gostava disso. Queria-os sempre por perto. Mas entendia que assim tinha de ser. Viver na aba não traria amadurecimento.

André e Flávia não se continham de alegria. Trinta anos de casamento. A intimidade à noite crescia a cada dia. Mantiveram-se unidos durante todo o matrimônio. Riam e conversavam antes de dormir. Continuava novo. Agradável. Apaixonante.


Nota do Editor: Mateus dos Santos Modesto é jornalista. Veja também em www.mateusmodesto.com.br.
PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
ÚLTIMAS DA COLUNA "MATEUS MODESTO"Índice da coluna "Mateus Modesto"
02/03/2014 - 10h00 Tarde na roça
02/02/2014 - 08h00 O amor
29/04/2009 - 07h01 Noite inesquecível
16/01/2009 - 13h09 A Velha
09/01/2009 - 07h11 Carta de despedida
18/12/2008 - 12h11 Incongruência
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.