Ela acorda cedo todos os dias. Mas não levanta. Da cama, vê o céu pela janela. Há um sorriso sempre que o sol aparece. E com o cantar dos pássaros, ela se alegra ainda mais. Ainda mais hoje, com Tiago. Ele começa a acordar. O sinal são os sininhos presos aos pés. Quando soam, o coração dela bate diferente. Muito diferente. Vai ao seu encontro, mas sem fazer barulho. Caminha devagar, com um enorme sorriso no rosto. Contempla-o de longe, admirando-se com sua beleza. - Bebê! – baixinho, com os braços e sorriso abertos. O marido acorda. A mesma rotina de todos os dias. Com a boca fechada, ele diz que ainda é cedo. E com o movimentar das pernas e braços, indica que não quer levantar – impossível. A família está toda acordada. São seis da manhã. Banho gelado, água no fogo, jornal na porta, pão quentinho na cesta. A mãe alimenta o pequeno, canta e fala palavra de amor e pensa no próximo. Melhor, na próxima. Ana Luisa. Garota esperta, inteligente e adorável. O marido acha precipitado, aliás, extremamente precipitado. - Um casal é lindo! - Aham! – tremendo a xícara. O almoço foi especial. Em um belo restaurante, com vista para o mar. Pediram de tudo. Inclusive o que não podiam. Risos, beijos e mais risos. A tarde foi embora que nem perceberam. A noite vem. O melhor ainda estava por vir. “Mais que abundante” está tocando no aparelho de som. Taças estão na mesa. Um jantar especial. - Por que tudo isso? Como sempre, ele esqueceu a data. Ela não ficou surpresa. Faz seis anos que eles se conheceram. Três de casado. Amor eterno, amor divino, comunhão saudável. Era por isso que o amava cada vez mais. Ela apenas sorriu. E o beijou. Como sempre.
Nota do Editor: Mateus dos Santos Modesto é jornalista. Veja também em www.mateusmodesto.com.br.
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