Já estou com saudades. Há muito tempo que não a vejo brilhar. Sabe, faz falta. Muita falta. Eu não gosto de ficar dizendo isso, as pessoas sempre acham irrelevante essa coisa de nostalgia. Principalmente os homens. Eu a quero de volta! Mas não tenho condições. Não por agora. Eu já passei muito tempo com ela. Ficava olhando, sem piscar, acompanhando tudo. Dormia tarde da noite em sua companhia. E ela ficava ali, sem desviar a atenção, sem me abandonar. Uma vez ouvi alguém dizer: "Por que ele passa tanto tempo ligado nela?" Não sei dizer... Eu costumava encontrá-la apenas pela tarde. Às vezes nem de tarde a encontrava. Sabia que estava ali, mas não dava a atenção necessária. Não que eu não a quisesse, mas, sabe como é: estudar, trabalhar, sair com amigos também, que ninguém é de ferro! Mas ela não se incomodava. Parecia a Amélia... Desprezava-a em alguns momentos. Eu estava sem fazer nada, mas não ligava. Segurava-me, posando de machão. "Não, não a quero, sou mais forte que esse sentimento bobo. Isso é para mulher... eu não preciso tanto dela assim..." Mas agora sinto falta. Logo agora, que estou sem trabalhar, sem estudar. E sem dinheiro. Só rindo para não chorar... - acho que nem rindo eu não consigo não chorar. Faz um mês sem a companhia dela. Eu ria com ela; chorava vendo-a. Quando ficava entediado, mudava para ver se não era comigo. Mas, às vezes, era melhor deixá-la de lado: chateado não rola nada. Nada mesmo! Mas essa semana eu a levo no conserto. Nem que seja nos braços! Tenho que ajeitar logo a minha televisão! Não agüento tanto silêncio em casa. O computador está pirando minha cabeça...
Nota do Editor: Mateus dos Santos Modesto é jornalista. Veja também em www.mateusmodesto.com.br.
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