| Sidney Borges |  | | | |
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Um gargalo que tende a se estreitar e que pode comprometer os bons resultados que a agricultura brasileira vem conseguindo, está no escoamento da produção. O governo herdou um abacaxi no tocante às estradas, quase todas precisando ser praticamente reconstruídas. Desde meados dos anos 80 não há investimentos de monta em infra-estrutura. O problema passaria desapercebido se não tivesse acontecido um gigantesco impulso na produção agrícola, que foi ocupando espaços e vem batendo recordes, ano após ano. A produção está equacionada, levá-la até o consumidor final é o xis da questão. Transportar grãos usando caminhões encarece o produto, além de acarretar perdas significativas. Estradas mal conservadas e falta de armazéns contribuem para diminuir os lucros dos produtores. O problema não vai ser resolvido da noite para o dia, é preciso que sejam formuladas políticas que, implementadas ao longo do tempo, tenham continuidade, independente do partido que estiver ocupando o poder. A criação de uma rede de estradas de ferro é um exemplo. É fundamental para mudar as relações de produção no meio rural. Fica difícil a possibilidade tão decantada pelo MST de levar justiça ao campo enquanto o produtor não tiver meios de dar vazão ao que colhe. No fundo a questão, como dizia o velho Marx é econômica, é preciso que todos ganhem mais dinheiro. Os investimentos são grandes demais para que o governo, empenhado em manter a estabilidade da moeda, possa arcar. Os paises "amigos" gastam bilhões e bilhões de dólares em guerras estúpidas e armamentos desnecessários, enquanto afogam o nosso combalido tesouro embolsando juros escorchantes, que o governo brasileiro se vê na contingência de pagar. Internamente o panorama também é desolador, a produção está parada, o desemprego alçado a patamares nunca vistos e o segmento financeiro comemorando os maiores lucros da história. Se me fosse perguntado o que fazer, eu não saberia responder. Sei que não está certo. Não tenho habilidades suficientes para fazer formulações que possam alterar o quadro tenebroso. Apenas, ao contemplá-lo, posso afirmar que não haverá solução sem mudança no rumo do navio. Com a palavra os que estão no poder. Que os deuses os iluminem.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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