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Opinião
24/12/2022 - 06h34
O Verão, a água e os problemas
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O Verão - estação das férias e da badalação - chegou nesta quarta-feira (21). Mas, além do lazer, da diversão, das festas de fim de ano e de tudo de bom que se espera viver até o carnaval, está presente a preocupação com as águas. Nessa época do ano ocorrem as chuvas fortes que, por um lado são necessárias para fortalecer o desenvolvimento das plantas, por outro, trazem problemas às cidades, decorrentes da ocupação indevida e da falta de manutenção. É o tempo que precisamos tomar cuidado com o transbordamento de rios, riachos e córregos. Sem isso, corremos risco de prejuízos com o veículo e até a perda da própria vida. Os moradores de áreas alagáveis (há bairros inteiros nessas condições) já esperam as águas que virão e entrarão em suas casas danificando móveis e utensílios e deixando o seu rastro lamacento.

A ocupação predatória das margens dos rios causou o desequilíbrio que hoje exige elevados investimentos para a solução. Um dinheiro que, em princípio, não existe. Foi um processo de décadas que começou com a retirada da cobertura vegetal das margens para a instalação de casas, negócios e agricultura de subsistência. Isso provocou a queda da areia dos barrancos dentro do leito dos rios e a consequente enchente no decorrer das chuvas. Outro problema foi a ocupação da faixa na margem, que a natureza, durante milhares de anos, reservou para receber a água das cheias. Tudo o que foi nela construído é inundado pelo menos anualmente porque a água desconhece obstáculos. Da mesma forma, as vias públicas com tubulações de escape menores do que o necessário produzem inundações perigosas. O problema teve origem na ignorância tanto dos ocupantes quanto das autoridades de então. Mas, depois que se criou códigos e leis reguladoras, continua se agravando pela ineficiência da fiscalização que permite - ou pelo menos tolera - a ocupação irregular de áreas perigosas ou sensíveis que deveriam estar preservadas. A região metropolitana paulista é testemunha disso nas margens das represas que abastecem de água a população e na calha dos rios e córregos, densamente habitadas de forma irregular. A construção clandestina lança despejos “in natura” nos cursos de água e não obedece a qualquer norma preservadora.

O Brasil tem uma larga dívida ecológica. Enquanto os ambientalistas têm seus olhos voltados para a Amazônia - até porque isso pode lhes render lucro - deixam de observar as anomalias de sua cidade, bairro ou da própria rua onde moram. Não fazem ativismo para que sua prefeitura ou órgãos estaduais cumpram com suas obrigações, a não ser que isso possa lhes render financeira ou politicamente. Vivemos o contraditório de ter excesso de água solto no ambiente e causando prejuízo e sofrimento da população e, ao mesmo tempo, não ter água nos canos de abastecimento porque os mananciais estão abaixo dos níveis operacionais ou, ainda, uma considerável parcela da água tratada é perdida através dos milhares de vazamentos na rede distribuidora.

As chuvas começaram na Primavera - o que é normal - e já tivemos notícias de acidentes de monta em diferentes pontos do país. São vias públicas inundadas ou atingidas por barreiras, encostas que caem sobre construções irregulares e localizadas em áreas onde não poderiam estar e muitos outros problemas. São Paulo - e o Brasil - se preocupam com a administração das águas há pelo menos 80 anos. Nossos técnicos já correram o mundo em busca de conhecimentos e métodos empregados nos países que também tiveram problemas de urbanização e sua convivência com o regime das águas. As soluções são conhecidas, mas a evolução é lenta porque as ações não têm continuidade. Muitas vezes, o governo que assume reduz o ritmo das obras iniciadas pelo seu antecessor e tudo acaba se perdendo. Aquilo que tem de ser feito de forma integrada não tem efeito quando ocorre parcialmente, como resultado nefasto da omissão dos governantes. Resta ao povo, somente, a alternativa de esperar a próxima chuva, e pedir socorro...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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