A definição do candidato tucano à presidência da República está nos finalmente. Serra já deu sinais de que "poderá" disputar a eleição. Nem posso imaginar que um dia sequer ele tenha pensado o contrário. Serra é um "homus politicus", vive para a política, respira política, é ambicioso e quer saborear as delícias de ser presidente do Brasil, como fez JK um dia. Alckmin também está no páreo. Alckmin é um bom moço, esperto, soube esperar a vez e quando teve oportunidade não decepcionou. Pelo contrário, até a morte de Covas, Alckmin era mais um político do interior, hoje é um líder dentro do PSDB, com chances de se tornar presidente do Brasil. Agora, não nos iludamos com a popularidade de qualquer governador de São Paulo. Com um PIB maior do que o da vizinha Argentina, gerir o Estado é quase comer mamão com açúcar. Doce e fácil. Todos os ex-governadores saíram com alto índice de aprovação. Quércia teria sido um sério candidato à presidência em 1989, quando preferiu lançar Ulisses Guimarães para ser derrotado. Na visão do então popularíssimo governador, a próxima eleição seria sua, antes convinha afastar alguns fantasmas do partido. Quércia esqueceu-se de que em política o que vale é o momento. Nunca mais será presidente. Mas, voltando ao governo de São Paulo, depois de Quércia foi a vez de Fleury. Durante a crise do governo Collor, a imprensa a serviço chegou e ver em Fleury uma séria opção para ocupar a presidência. Fleury morreu politicamente no instante em que tombaram os cento e onze presos do Carandiru. Nunca mais vai levantar, será sempre um reles deputado. Inteligente que é, Alckmin sabe que é agora ou nunca. Se deixar passar a chance, dificilmente conseguirá ficar na berlinda para uma nova tentativa. Já Serra está num moedor de carne chamado Prefeitura de São Paulo. Poucos políticos conseguiram êxito na empreitada de governar uma das cidades mais problemáticas do planeta. Serra vive um dilema duplo. Se deixar a prefeitura poderá ficar chupando o dedo caso não vença em outubro. Por outro lado, está fazendo um governo que até agora tem sido aplaudido pelos paulistanos. Largar o certo pelo incerto é um dilema. O PSDB está evidentemente valorizando a disputa interna, enquanto o candidato não estiver definido o partido ficará na berlinda. Por falar nisso, Lula reina absoluto. Como único candidato, é dele a mídia. Lula precisa aproveitar o momento e fazer como os pilotos da Fórmula 1 antes da parada para reabastecimento. A ordem é abrir uma larga vantagem. Se não fizer isso vai ter problemas a partir de junho. Será ele contra todos. Garotinho ou Rigotto do PMDB, Heloísa Helena do PSOL, Alckmin ou Serra do PSDB. Todos batendo impiedosamente no "Sapo Barbudo", que convenhamos, tem telhado de finíssimo cristal. Até junho muitas águas passarão por baixo da ponte.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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