| Sidney Borges |  | | | A platéia, cuja maioria era de funcionários, acompanhou os trabalhos. |
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A Audiência Pública que a Prefeitura de Ubatuba organizou (dia 20) para apresentar o projeto de terceirização da merenda escolar acabou sem que se chegasse a qualquer conclusão. Mais uma vez, vou reclamar da escolha da Câmara para a realização de eventos que precisam de mais espaço do que o oferecido pelas acanhadas dependências da Casa das Leis. Os processos que envolvem a secretaria de Educação, a de maior dotação do Município, são da maior importância e precisam ser acompanhados atentamente por todos os setores da sociedade. Isso requer espaço. A audiência começou exatamente na hora marcada, com casa cheia. Grande parte da platéia era composta por funcionários da prefeitura, que chegaram cedo. Havia gente se acotovelando nas escadas de acesso. Muitos optaram por ficar nos jardins, acompanhando de longe. O calor também inibiu a vontade de enfrentar a multidão que se acomodou precariamente na parte posterior do plenário. Apesar do interesse político que reveste a matéria, o problema é puramente técnico. Partindo da premissa que as crianças precisam ter o melhor, a decisão final deverá ser tomada a partir das planilhas de custos. O que for mais vantajoso para o município deverá prevalecer. Tudo deve ser muito claro e transparente. Depois das colocações iniciais dos técnicos da secretaria da Educação haveria espaço para que os presentes se manifestassem. Infelizmente um incidente impediu que os trabalhos prosseguissem. Alguém lançou moedas sobre os membros da mesa, e isso esquentou os ânimos e a Audiência foi encerrada. Um mau momento para a democracia. Ninguém ganhou, na verdade todos perderam. A discussão deverá ser retomada, esperamos que desta vez num local mais amplo e com menos disposição para o confronto. Eu que busco esclarecimentos sobre a terceirização da merenda, ainda estou esperando informações. Vou repetir o que já disse outras vezes. Ubatuba não pode viver sub judice. As negociações devem ter preferência em relação ao arbitramento da Justiça. Do jeito que vamos, a cidade vai parar. Ainda a terceirização da merenda
A propósito da audiência de ontem, recebi um telefonema de um amigo dizendo que os ânimos se exaltaram quando o público percebeu que não poderia se manifestar, o que é diferente do que eu escrevi. Discordo. Estive ao lado de dois opositores do processo que sabiam desde o começo que não poderiam falar e mesmo assim acompanharam e anotaram o que foi dito. Para uso posterior. O que eu não disse e digo agora é não aconteceu exatamente uma Audiência Pública para buscar soluções, mas sim uma exposição de intenção por parte da Prefeitura. Segundo o que notei a decisão está tomada. Privatizar ou privatizar. Tudo o mais são atenuantes, perfumaria, uma forma de dar "transparência" ao que é apenas translúcido. Já assistimos a filmes parecidos recentemente. Ciclofaixas e feirinha ripe são dois exemplos. É fundamental examinar atentamente as planilhas, comparar custos. Todo o processo deve ser revestido de absoluta e total transparência. "Glasnost". No final deverá prevalecer o interesse da cidade. Ou isso ou mais uma interminável briga na Justiça.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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