Voltou à baila a discussão sobre as antenas. E com ela a fragilidade cultural de parte de nossos legisladores. Não é possível que depois de tanto tempo eles ainda confundam os efeitos fisiológicos das ondas eletromagnéticas com os danos causados pela radiatividade. A radiatividade é extremamente danosa ao organismo humano. Ondas eletromagnéticas de baixas freqüências não. A discussão mostra despreparo, falta de leitura, de pesquisa e vontade de aprender. Constitui flagrante desrespeito para com os eleitores que pagam salários para que eles estudem as matérias sobre as quais vão legislar. As antenas não fazem mal à saúde, fazem mal aos olhos e ao bolso dos contribuintes que delas são vizinhos. Numa cidade cujas entradas estão abandonadas, como é o caso de Ubatuba, não entendo a preocupação com um detalhe, em detrimento de outros mais gritantes. Vamos cuidar de embelezar as nossas vias de acesso para atrair os turistas e aumentar o faturamento da cidade. É disso que precisamos com urgência. Antes de notar as antenas o visitante verá coisas piores. Coisas que de fato fazem mal à saúde e empobrecem os nossos comerciantes. Verá abandono, desmazelo e falta de planejamento. Pelo descaso das portas da cidade, o turista imagina o que virá. Enquanto cidades vizinhas ficam lotadas, nós com muito mais para oferecer, amargamos a triste visão das ruas vazias. O problema causado pelas antenas é antes de tudo econômico, é por aí que as argumentações contrárias a elas poderão conquistar os corações e as mentes dos juízes. As antenas desvalorizam as terras ao seu redor, interferindo assim nos direitos dos cidadãos. Os donos dessas terras merecem indenizações e devem buscá-las nos tribunais. Uma simples pesquisa junto às imobiliárias da cidade atestará o fato. Os valores de mercado dos imóveis antes e depois da instalação das antenas são um fortíssimo argumento contra elas. Por outro lado, combatê-las com base nos possíveis malefícios causados à saúde é perda de tempo. Ondas de rádio ou de televisão são inofensivas. Se fizessem mal, estaríamos todos mortos. Há muito tempo.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
|