Político sem mandato não é nada. Pode até pensar que é, ficar iludido, mas na prática não é. Quem viveu os tempos "colloridos" sabe do que estou falando. Naquela época ainda não existia TV a cabo nem Internet. Nas noites dos domingos o Fantástico reinava absoluto. Era difícil assistir ao desfile idiota de frases estúpidas nas camisetas do presidente. Ao lado o séqüito de puxa-sacos, sempre liderados por um magrelo barbudo, o maior exemplo de "papagaio de pirata" da história da República. Depois a corrida com o presidente-atleta, sempre de cenho franzido. Um quadro patético. O fato é que hoje Collor pode andar despreocupadamente por qualquer cidade brasileira, ninguém vai incomodá-lo nem pedir nada. A Globo finge que ele não existe. Rei morto, rei posto. Viva o novo rei, o sapo-barbudo. No âmbito partidário ainda pode restar ao político sem mandato um ambiente de massagem no ego. Mas é sem efeito real, como se fosse sexo virtual, de mentirinha. Isso o político sem mandato só percebe depois de algum tempo. No começo ainda resta uma espécie de inércia de poder, os serviçais fiéis continuam mostrando submissão e o político sem mandato faz de conta que ainda é dono do osso. Em breve José Dirceu viverá a experiência.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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