Nos grandes jornais do mundo o editor de necrológio é um cara importante. Quando morre algum notável ele assume as rédeas. Bem, pelo menos era assim, agora com os avanços da informática é fácil escarafunchar a vida dos poderosos, está tudo na Internet. Os jornais da semana trarão grandes matérias sobre José Dirceu. Fariam o mesmo se ele tivesse morrido. Apesar de cassado e afastado da política, Dirceu não está morto. Embora só possa voltar ao combate com setenta anos, certamente voltará. Dirceu é um ser político, não sabe fazer outra coisa, ou melhor, sabe, já foi dono de butique, mas o que faz com prazer é política. O PT existe como partido graças ao empenho dele, uma das maiores vocações burocráticas que este país conheceu. Sem a disposição de Dirceu, Lula nunca passaria de exótico sindicalista corintiano. O que vai pelas cabeças humanas é inescrutável, só o dono dos pensamentos sabe deles e o que articulam. As indicações são que Lula queria ver Dirceu fora de cena. Segundo a versão corrente, Lula acredita que a crise poderá agora arrefecer. É uma possibilidade. A outra é que as baterias antes assestadas contra Dirceu, mudem de direção e passem a mirar Lula. Possibilidade real demais para ser descartada. Sem Dirceu e sem Duda, onde será que Lula vai? Provavelmente para São Bernardo, de onde nunca mais sairá.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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