A primeira impressão que se tem de Hugo Chavez deixa a desejar. O presidente venezuelano lembra um músico de mambo, não transmite em nenhum instante a sensação de seriedade que se espera de um chefe de governo. Poderíamos compará-lo a Fidel Castro, ou ao presidente - olho no peixe, outro no gato - Néstor Kirchner, da Argentina. Ambos com jeitão de políticos clássicos da América Latina. Chavez é desbocado, fala pelos cotovelos e gosta de provocar os americanos. Bush é o seu saco de pancadas preferido. Ao lado de Chavez Lula parece um lorde inglês. O papel de bufão termina quando se dá uma olhada no que o falastrão está fazendo na Venezuela. Com os dólares fartos do petróleo, outrora usados por uma elite perdulária para comprar mansões, jatinhos, misses e cocaína, Chavez mudou a cara do país. O povo venezuelano vem assistindo perplexo à implantação de programas de desenvolvimento nas áreas de educação e saúde como nunca houve na América Latina, com exceção de Cuba. Ao contrário de Lula, que diz uma coisa e faz o oposto, Chavez está criando condições para que a Venezuela mude de patamar, como fizeram outrora a Coréia e a Finlândia. A imprensa latino-americana mostra apenas o lado bufão, que me parece ser uma das inúmeras facetas de um político singular. Chavez é inteligente, articulado e sabe o que quer. E tem o que é mais importante, dinheiro. Entre o sanguinário e etílico Bush e o fanfarrão Chavez, fico com o segundo. É menos perigoso.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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