Não posso deixar de registrar uma assimetria do sistema econômico que prejudica enormemente os pequenos municípios. Estou me referindo às lojas de departamentos. Detentoras de enorme poder de persuasão usam a mídia com sabedoria e conquistam corações. Como resultado, obtém enormes lucros que acabam sendo enviados para as matrizes. Nada há que possa ser contestado, o processo obedece às leis vigentes e está revestido de legalidade. No entanto, embora legal, me parece que há alguma coisa fora dos eixos. Falando francamente, o processo é cruel e carrega no bojo o germe do subdesenvolvimento. Nas cidades onde não há indústrias, a maioria dos trabalhadores é constituída de funcionários públicos. A massa salarial que deveria circular localmente é drenada de forma predatória e transferida para outros centros. Sem dinheiro perde a construção civil, perdem os pequenos comerciantes e perdem os jovens que não são contemplados com a criação de empregos. O resultado pode ser medido pelos alarmantes aumentos nos índices de criminalidade. Os grandes magazines são necessários e bem-vindos, mas parte dos lucros que auferem deveria ser aplicada no local de origem. É uma assimetria que deve merecer apreciação das autoridades municipais, estaduais e federais, principalmente das municipais, pois é no município que transcorre a nossa vida.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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