Tempo ensolarado. Bom para o comércio da cidade que se beneficia da paralisação das escolas em São Paulo. "Semana do saco-cheio". Ontem foi dia de reflexão, depois da habitual caminhada matinal dei uma passada de olhos pela Internet procurando embasamento para escrever sobre a transposição do rio São Francisco. Para mim um tema da maior importância. Uma ação semelhante, porém de maior envergadura, no Egito, redundou em problemas ambientais que permanecem até nossos dias, embora o projeto seja da década de 1960. Falo da represa de Assuã, obra de Gamal Abdel Nasser, líder nacionalista carismático que governou o Egito e exerceu grande influência no mundo árabe. Em 1969 ou 1970, não me lembro bem, o professor de Mecânica dos Solos e Fundações, Vitor Fairbanks de Mello, foi contratado como consultor da obra. Professor titular da Poli e da FAU, Vitor deu aulas brilhantes expondo o problema. Na época estávamos em plena euforia desenvolvimentista do "Milagre Brasileiro", só se falava na Transamazônica. Foi nas aulas do "mestre" que nos demos conta do impacto que as grandes obras têm no meio-ambiente. Isso em 1969, quando Gabeira ainda era guerrilheiro e nem pensava em ambientalismo. O tempo passou e os milhões de dólares investidos na Transamazônica nunca produziram os resultados esperados. Deu-se o mesmo com o Projeto Jarí. Nesse sonho megalomaníaco chegaram a importar uma fábrica de celulose do Japão que veio flutuando, como um navio. A base econômica do projeto era a Gmelina, uma arvore do oriente que cresce em cinco anos e dá grande rentabilidade. Sem um estudo aprofundado das condições ambientais da Amazônia, primeiro trouxeram a fábrica para depois plantar as árvores e descobrir que elas nunca cresceriam. Alguns parasitas transformaram a floresta esperada em campos de arbustos retorcidos. Mais alguns bilhões de dólares torrados sem sentido. Nesse caso entrou de gaiato o milionário americano Daniel Ludwig. É o que dizem, como esses magnatas sempre saem ganhando, quem deve ter honrado a casa provavelmente fomos nós.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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