O novo presidente do PT, Ricardo Berzoini adentrou em uma seara perigosa ao afirmar que os petistas e aliados que usaram caixa dois não são criminosos. Repetiu a fala de Lula. Eles não se deram conta que não haverá dialética capaz de justificar Marcos Valério. Supondo-se que o único crime cometido pelo PT tenha sido o caixa dois, prática comum a todos os partidos, ainda assim é um crime grave que não pode ser atenuado. É sempre bom lembrar que o PT foi o depositário da confiança dos eleitores em função de seu propalado comportamento ético. Somente por isso, o discurso socialista contou pouco. O eleitor simpatizante dificilmente voltará a votar no PT. Sem a bandeira da ética, qual a diferença? Os votos da militância não serão suficientes para eleger ninguém, mesmo porque parte considerável dos militantes está deixando o partido. O PT não vai acabar como querem alguns, mas vai encolher. Na próxima semana teremos uma posição clara em relação às renúncias dos envolvidos no uso de dinheiro ilegal. Segundo Berzoini, quem renunciar terá nova chance no ano que vem. Fico imaginando o que pensarão disso os eleitores. O comissário José Dirceu publicou uma matéria refutando acusações da revista Veja. Dirceu diz que é inocente. Hoje no jornal "O Globo" o mesmo Dirceu praticamente se despediu da vida pública, dizendo ter certeza da cassação. O comissário parece não saber como funciona a cabeça da massa. Até o dia em que o "operador" Waldomiro Diniz foi apanhado em flagrante, tungando um bicheiro em nome do partido, Dirceu era fortíssimo candidato à sucessão de Lula. Obviamente depois do segundo governo deste. Sim porque Lula seria reeleito com a mesma certeza de que depois da escuridão da noite vem a claridade. No fatídico momento do flagrante Dirceu acabou politicamente e Lula começou a perder a aura de santo. Se tivesse afastado Dirceu imediatamente Lula ainda seria reeleito, embora sem a certeza do primeiro turno. Do jeito que a coisa está nada se pode prever, ninguém sabe onde a crise vai dar, podendo inclusive resultar em processo de afastamento do presidente, hipótese remota, mas não descartada. De qualquer forma, a reeleição está difícil, não digo impossível porque sei que no Brasil nada é impossível. Sobre Dirceu, entretanto, não vejo como possa haver sobrevivência política. Ele jamais chegará à presidência, sonho acalentado por muitos anos.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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