No dia do referendo não importa sua resposta que a criminalidade continuará a mesma. Os argumentos têm sido elaborados com base em estatísticas que ora favorecem um lado, ora outro, direcionadas sempre para convencer os eleitores de acordo com a conveniência. A revista VEJA em sua última edição apresentou como capa sete razões para votar Não. Na minha franca ignorância no mínimo uma atitude tendenciosa remetendo-nos para um tempo em que as opiniões eram impostas. Não podemos aceitar que a dita imprensa livre nos conduza o pensamento, façamos uma analogia com o papel do crítico de arte. Um crítico honesto é aquele que fornece elementos suficientes para que o expectador ou leitor possa fazer seu próprio julgamento. Não podemos levar a sério críticos que apenas dizem que aquela obra é boa ou ruim sem dar as coordenadas para que possamos tirar nossas próprias conclusões. A VEJA se portou como um mau crítico expondo apenas um lado da questão para convencer seus leitores a seguirem sua opinião. Quando me perguntam qual será meu voto no referendo respondo que será o SIM. Não por acreditar que a proibição vá reduzir a criminalidade, mas por acreditar que o mundo precisa ser desarmado, é apenas uma questão filosófica. Com o nosso atual avanço tecnológico não necessitamos mais de armas que matem, é possível utilizarmos armas que paralisem ou deixem a vítima inconsciente sem matá-la. O mundo precisa começar seu próprio desarmamento, não é mais possível continuarmos com a atual matança. Nesses últimos 5.000 anos fizemos 15.000 guerras, ou uma média de 3 guerras por ano. A humanidade vem evoluindo muito tecnologicamente, mas não psicologicamente. É necessário que iniciemos uma revolução pela paz antes que o planeta padeça. Temos que começar por algum lugar, que tal darmos o exemplo? Não se combaterá violência com violência, mas sim com inteligência, precisamos educar o povo, dar condições dignas de trabalho e igualdade, fazer uma melhor distribuição de renda e tornar todos os cidadãos respeitáveis. Não será um referendo que resolverá o problema da violência, mas sim nossa atitude em começar a mudar nosso decadente mundo começando pelo desarmamento de cidadãos e principalmente bandidos, será preciso muita coragem. O dinheiro dessa despropositada campanha poderia ter sido investido na educação gerando frutos mais saborosos. Não temos outra saída, temos que começar nossa caminhada para a mudança. E uma longa caminhada começa sempre pelo primeiro passo.
Nota do Editor: Ricardo Yazigi é engenheiro civil, mestre em ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
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