No meio do caminho tinha um vaso...
Magda Matunaga | |
Essa foto é da Rua Carlos Drummond de Andrade. Nada mais poético que um vaso num buraco. Drummond deve estar se revirando no túmulo, afinal no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho... Agora Drummond, no meio do caminho tinha um buraco, no meio do caminho tinha um vaso, em sua homenagem Drummond, na sua rua... Entra prefeito, sai prefeito e os buracos ubatubenses se proliferam mais que os coelhos. É de fazer inveja a qualquer cidade. O protesto criativo tem plantado nestas crateras, árvores, vasos, adornos, nunca os buracos foram tão enaltecidos por moradores cansados de pagar elevados impostos e terem como retorno o descaso. É impossível trafegar pela cidade sem atropelar pelo menos uma dúzia deles. Em outro poema Drummond dizia: E agora José? Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde? Para onde marcha Ubatuba? Para onde? E agora, José?
Nota do Editor: Ricardo Yazigi é engenheiro civil, mestre em ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
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