Atenção senhoras e senhores. Vai começar o espetáculo! Infelizmente quando estas palavras foram proferidas, se é que foram, começava a ser criado o Universo e com ele os espectadores. Ninguém pôde testemunhar, ainda não havia homens e muito menos mulheres, que saíram da costela de Adão. Durante Luas e Luas o Universo foi pequeno e a Terra situou-se exatamente no centro do que havia. Com o passar do tempo, também contado a partir da criação, a humanidade inventou meios de vasculhar os céus e percebeu que as coisas eram um pouco diferentes do que pareciam. Hoje sabemos ser moradores da Via Láctea, uma das inúmeras galáxias existentes no firmamento, o número delas é tão grande que para a compreensão do limitado cérebro humano a menção dele é pura abstração. Impossível formar um modelo. Experimente contar o número de segundos que há em um ano e você entenderá o que significa um bilhão, por exemplo. Depois de investigar as origens do Universo, um homem que dedicou a vida a pregar as palavras do Criador, conseguiu estabelecer dados esclarecedores sobre a gênese. O bispo irlandês James Ussher (1581-1656) escreveu uma cronologia do Velho Testamento onde estudou todas as gerações mencionadas na Bíblia desde Adão e Eva e chegou assim à data precisa. A criação aconteceu (terminou) em 4004 a.C., às duas horas e trinta minutos de um domingo, 23 de outubro. Ponto final, a partir daí não se deve discutir mais. Já sabemos como o mundo começou. Verdades científicas como essa passarão a ser ensinadas nas escolas do Rio de Janeiro se nada for feito para impedir. Está em curso um plano diabólico. Estão entrando em ação, na calada da noite os criacionistas, aqueles que desconhecem a ciência, o método científico e as evidências científicas, preferindo acreditar no que está escrito, de forma alegórica, no livro que relata a história de um povo. Aqui e ali algumas matérias foram publicadas denunciando a patranha, porém, ainda é pouco. É preciso fechar questão em relação a essa possibilidade. É necessário repudiar com veemência essa iniciativa retrógrada. O criacionismo é uma forma de fundamentalismo e sabemos o resultado de gerações formadas em bases fundamentalistas. O Oriente Médio está cheio de exemplos. Renegar a ciência, antes de burrice é perigoso, ensinar com base na fé só vai servir para aumentar o curral eleitoral de alguns que desejam ardentemente manter-se no poder, não medindo as conseqüências do que ações obscurantistas como essa venham a acarretar. Temos de resistir. A implantação de tamanha sandice fará com que o já imenso degrau social do país, aumente. Aqueles que têm dinheiro colocarão os filhos em escolas que ensinam a verdade, onde as crianças aprendem não só que evoluímos de espécies inferiores como também que somos praticamente iguais aos macacos. É só conferir o genoma das duas espécies. O Brasil não pode curvar-se à vontade de grupos minoritários, que estão propondo um modelo de sociedade, que vai servir unicamente para perpetuar desigualdades e eleger espertos e incompetentes, que se escudam em nome de Deus. Basta, já somos demasiadamente desiguais, precisamos atenuar isso. E também seria bom parar de falar tanto em Deus. Ele tem muito trabalho para fazer nesse Universo imenso que criou. Não vai perder tempo com políticos incompetentes, que vivem tomando o seu Santo Nome em vão. A imprensa não pode calar, não pode permitir mais este crime contra o tão maltratado e querido Rio de Janeiro. Salvemos a Cidade Maravilhosa. É o desejo e será a militância de um paulista!
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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