Quem se encontra na superfície da Terra, caso dos terráqueos e de alguns alienígenas visitantes - Gushiken - imagina estar imóvel. É mera impressão. Se for computada apenas a rotação do planeta, viajamos com velocidades muito acima dos padrões habituais. Mil e setecentos quilômetros por hora (também pode ser quilômetros) na região do Equador. Da janela de um avião mal vemos o chão passar, no entanto, está passando a mil quilômetros por hora em relação ao avião. Traduzindo para uma linguagem mais direta: quem está no meio do turbilhão não avalia danos futuros. Onde está Orestes Quércia? Deixou o governo de São Paulo com altíssima popularidade. Depois sumiu. "Quebrou o banco, fez o sucessor" e virou miragem. Fleury, que o sucedeu chegou a ser cogitado para a presidência. A invasão do Carandiru, de triste memória, o matou politicamente. Figueiredo quando deixou o governo, que ocupou sem ter sido eleito, pediu para ser esquecido. Foi atendido, ninguém mais mencionou o seu nome. Maluf está preso, é caso de polícia. Politicamente deixou de existir há muito tempo. A luta daqueles que condenados ao cadafalso tentam salvar os mandatos é justa. Enquanto houver vida há esperança. Temo, entretanto, que jamais voltarão a ocupar cargos eletivos. O povo está fazendo contas e tirando conclusões. O resultado da indignação popular será uma completa renovação das cadeiras da Câmara e do Senado. Pode-se enganar alguns durante algum tempo, mas um dia a casa cai. Com liminar do Supremo ou não, os seis que estão postergando o processo de cassação dificilmente terão sucesso. Se forem salvos por meio de maracutaias, terão de enfrentar as urnas. Aí vão dançar. O povo demora, mas quando condena, não há como nem para quem apelar.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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