Um detalhe dos escritos de Marx foi providencialmente apagado por seus "seguidores". "O socialismo é a última etapa do capitalismo". Quando Lênin estava se preparando para descer na Estação Finlândia, arrancou a página do livro e iniciou a revolução socialista num país que tinha contrastes equivalentes aos do Brasil de hoje. Alguns setores da indústria russa eram dos mais avançados do mundo, a naval por exemplo, enquanto o país era dos mais atrasados da Europa. Não seria, portanto, o campo ideal para as transformações socialistas, que caberiam na Inglaterra, França ou Alemanha. O Brasil ainda não atingiu sequer o pré-capitalismo, embora tenha um governo que se diz socialista. Vive-se aqui a fase da escravidão. Os negros foram libertados e não integrados. Continuam escravos. Pior do que escravos, assalariados brasileiros. O inferno é um spa nas Bahamas se comparado com a triste sina do povo desta nação. A Lei Áurea não libertou os negros. Abandonou-os à própria sorte. Cento e dezessete anos depois permanecem excluídos, abandonados e sem esperança. O insumo social que poderia impulsionar o desenvolvimento e a conseqüente acumulação capitalista, a educação, nunca recebeu a atenção devida. A contra-reforma e o viver luso, dependente da corte, traduziram-se num país onde tudo gira em torno do Rei. O resultado está aí. É possível mudar? É. Antes é preciso começar. Maluf na cadeia é um começo. Depois será necessário o choque do capitalismo. Sem o que não haverá socialismo.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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