Ubatuba está crescendo. O aumento populacional se faz sentir na política. Antes a cidade era conivente com qualquer ação do governo. De qualquer governo. Afinal de contas, em maior ou menor grau, todos eram parentes. Um empreguinho aqui, uma portaria ali e a gente ia levando. Esse tempo é passado. Com ressalvas para os membros de uma certa igreja. Para eles tudo continua como d’antes. O que eu quero dizer é que não há mais como evitar tomar partido. Ubatuba, dadas às suas dimensões populacionais, começa a exigir a necessidade de uma verdadeira oposição. Nesse sentido deve ser tirado o chapéu para Fiovo Frediani, que contrariando a tese exposta acima, de todos a favor, agiu como um legítimo opositor contra Ciccillo Matarazzo. Quem é da oposição deve almejar arrancar o fígado do adversário. No mínimo. Como lutas corporais não fazem parte do cardápio dos cavalheiros, devemos deixar claro como devem atuar as oposições. "Denúncias, pedidos de CPI, dossiês entregues a jornalistas amigos, discursos na tribuna, tudo isto compõe o cardápio básico do comportamento de partidos da oposição em qualquer democracia que se preze". Aos partidos governistas cabe a defesa intransigente das posições do governo, além do combate às propostas da oposição. Exatamente o contrário do que acontece na cidade, onde o PT é da base do governo e atua contra o governo. Tema para outra oportunidade. No momento podemos afirmar que começou a luta pelo poder em Ubatuba. Luta que vai definir se teremos ou não uma oposição de verdade, com dentes rangendo, faca na boca e baba escorrendo desta. Na semana que vem acontece a eleição do PSDB. O resultado definirá os rumos do partido. Uma das correntes postulantes é liderada pelo ex-presidente da Câmara, Rogério Frediani, tendo como companheiro de luta o empresário Hugo Gallo, articulador da corrente que pode ser chamada de "Grupo do Itaguá". O engenheiro Pedro Tuzino, que já foi candidato a prefeito em duas oportunidades faz parte do movimento, bem como o atual presidente do partido, Marco Alcantara. Se esse time vencer o PSDB será oposição e agirá como tal. O contraponto tucano tem como regente o vereador Charles Medeiros, que trabalha para um dia ser prefeito de Ubatuba. Quando eu disse trabalha, entendam o termo em sua acepção primeira. Charles contraria a assertiva da indolência do modo de viver caiçara. Filho da terra, age como um executivo de São Paulo, com a agenda repleta de compromissos britanicamente cumpridos. Charles é um trabalhador incansável. Essa forma de agir deu ao vereador uma notoriedade que incomoda. Os habituais detratores falam em personalismo, ou então em individualismo. Posso afirmar que jamais houve um líder que não tivesse esses defeitos, que em política são qualidades. Charles não gosta de ser chamado de oposição, ele se diz parte de uma corrente que quer o bem da cidade e atua de forma crítica, porém responsável. Para a democracia vejo com bons olhos a disputa. A vertente do Itaguá é de ser respeitada, tem projetos consistentes para a cidade e disposição para ir à luta. Charles está trilhando o caminho da consolidação de seu nome como uma liderança em Ubatuba. Vamos esperar para ver no que vai dar. Qualquer que seja o resultado, certamente tirará o PSDB de cima do muro. Em tempo. Ainda pode acontecer uma composição, eu soube de conversas nesse sentido.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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