Ontem um petista me acusou de parcial e provocador. Devo fazer um desconto. Foi um petista jovem. No verdor da inexperiência, acredita em quimeras e falácias. Aprendeu na escola que o marxismo é a redenção de todos os males e que o PT é um reduto sagrado de anjos imaculados. Sem paciência para confrontar o paredão de insensatez, pedi que trouxesse provas. Evidências de que o PT não praticou atos desabonadores. Subsídios de que Genoino saiu injustamente da direção do partido, Dirceu não aparelhou o Estado, Delúbio não usou caixa dois, Silvinho não traficou influência. Se surgirem tais informações e ficar comprovado que tudo foi um enorme mal-entendido, dou o pescoço para ser cortado. Antes da eleição de Lula eu perguntei inúmeras vezes a petistas próximos como seriam cumpridas as promessas dos programas de Duda Mendonça. Eles elogiavam o desempenho de "Lulinha paz e amor". Nos cantos riam cúmplices da ingenuidade do povo e pensavam: o "fuherer" vai enganar a burguesia. Quando ele estiver no poder eles vão ver o que é bom. Com petistas é difícil conversar. Falta racionalidade. Sobram dogmas. Nunca consegui travar uma discussão civilizada sobre o embuste que foi a campanha de Lula. Donos da verdade me olhavam com desprezo. Do alto da superioridade dos ungidos, fugiam da raia. Quando respondiam pouco se aproveitava da torrente de chavões e frases feitas. Pensar dói. É melhor comprar uma versão, viver com ela e por ela e morrer com a certeza de ter desperdiçado a vida por falta de coragem de encarar o desafio da dúvida. É assim que age a intelectualidade brasileira. Ainda patina no sonho da sociedade marxista, quase vinte anos depois da remoção dos escombros da desastrosa experiência soviética, o paraíso igualitário que desmoronou por absoluta incompetência. O PT foi uma fase, que embora dolorosa trará benefícios. O país finalmente vai compreender que o Muro de Berlim caiu. É o limiar do século XX, pois ainda estamos no XIX, embora o calendário mostre outra realidade. O país passou muito tempo sem perceber que a corja que se escondia atrás da moralidade queria apenas se arrumar. E fazer festinhas com as "recepcionistas" de dona Jeanne Corner, que tem nome inglês e sotaque da Paraíba. De uma coisa eu tenho curiosidade. Com que cara Lula vai pedir "menas maracutaia"?
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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