A lama se espalha. Pinga em um, respinga em outro e vai manchando biografias. Para observadores atentos, nada há de novo no front ocidental. Reputações ilibadas, nunca d’antes postas em questão, sabemos agora, jamais estiveram limpas. Apenas pareciam limpas. Há sujeira na política. Há sujeira no congresso. Há sujeira entranhada na alma do poder. Sujeira irremovível. Sujeira perpétua. O poder corrompe. A frase não é nova, mas é atual. O novo é constatar que o poder corrompe sem distinção. Até esquerdistas brasileiros são passíveis de corrupção. Quem diria, caiu o último bastião da decência mundial. No passado lutaram com bravura. Foram perseguidos, presos, torturados. Queriam libertar o povo brasileiro. Libertar para usar ternos Armani, dirigir jipes Land Rover, viajar em jatinhos, freqüentar hotéis de luxo, ter casas em praias de burgueses. Queriam os símbolos do capitalismo decadente que combateram com o próprio sangue. A esquerda morreu! A decência morreu! Se servir para consolar alguém, isso é aplicável a todos os políticos. Não só aos neocorruptos. A prova está aí para quem quiser. Basta usar aritmética elementar e confrontar os ganhos dos "homens públicos" e suas posses. Ninguém jamais fará isso. Eles lutarão até a morte para impedir. Nunca me enganaram nem enganarão. É uma imensa corja de safados. Dizem que há exceções. Não consigo apontar um único nome. O que mais me enoja é saber que quando a onda moralista terminar, tudo vai continuar como sempre foi. Roubalheira geral. Gatunagem explícita.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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