Morre-se. É a triste constatação dos humanos. Dizem que outros seres vivos não têm consciência do fim. Não imagino o que pensa uma tartaruga, ou uma sequóia. O brasileiro morto em Londres ocupa as manchetes dos jornais. Foi baleado oito vezes, sete na cabeça. Uma no ombro, por via das dúvidas. Era um jovem trabalhador, tomado por terrorista. Azar. Assim como é azar morrer de bala perdida na Linha Vermelha, no Rio de Janeiro. Morrer é estranho. Só não temem a morte os homens bomba. Explodem-se fanaticamente em nome de um deus sedento de sangue infiel. Vão continuar se auto-imolando e levando para o túmulo quem estiver por perto. Há quem imagine que jamais morrerá e um dia será feliz. Ilusão. É preciso ter sorte na vida. Muita sorte para não ser atingido por balas perdidas ou explodir em nome de Alá. E preciso sorte para desfrutar de um câncer em paz. Morrer entubado e deixar um monte de dívidas para a família. Vou passear com o cachorro, que não liga para CPIs.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).