Não tenho a pretensão de saber mais do que os outros. Tenho sim a possibilidade de externar o que penso através da Internet, coisa que me foi vedada durante muito tempo pela imprensa. Poucos me lêem. Poucos em relação ao universo de leitores do país, mas muitos em termos absolutos. Esses sabem que eu venho alertando para os desmandos do PT há muito tempo. Os grandes jornais e revistas não combinam com a minha forma de ser. Sempre que lá estive, mais dia, menos dia, fui convidado a visitar o departamento pessoal. Durante anos refugiei-me na direção de arte, embora passasse a maior parte do tempo pautando colegas e com eles discutindo conteúdos, enquanto cuidava da forma para pagar as contas. Hoje me sinto autorizado a reafirmar o que venho escrevendo há mais de um ano. O governo Lula e o projeto de poder eterno do PT começaram a afundar quando Waldomiro Diniz foi flagrado pegando propina. O segundo erro foi a CPI do Banestado. Inúmeras vezes escrevi que se fossem apontados os responsáveis pela evasão ilegal de bilhões de dólares do país, haveria guerra civil. Obviamente há acertos no governo Lula, ninguém erra sempre. No caso da CPI houve um enorme erro. Se Lula quisesse, poderia ter acabado com a oposição. Na verdade ele queria, desejava do fundo do coração. Queria, mas não podia. Se os partidos que o açodam, têm culpa no cartório, o PT possui um telhado de finíssimo cristal, que ao menor sopro desmorona. Estamos vendo acontecer. A atuação do deputado José Mentor foi o que mais me chamou à atenção. Eu sabia que o PT praticava pecadilhos, mas não desconfiava que estivesse atolado na lama, para não dizer outra coisa. Mentor mentia, enganava, tergiversava, hoje sabemos o porquê. Era preciso esconder os fatos, esconder Delúbios, Funéreos, Silvinhos e bancos amigos. A ministra Marina Silva deu uma entrevista para a revista Caros Amigos na qual afirmou que tudo ia às mil maravilhas na CPI. Estranhei. A Ministra, que deveria responder pelo desmatamento da Amazônia e pelos transgênicos da Monsanto, falava de CPI, quando o seu setor desmoronava frente à opinião pública nacional e internacional. Lula caiu quando ganhou a eleição. Se tivesse ficado na oposição iria para a história como um grande lutador. Agora tem grande chance de repetir Collor de Mello que é visto com indiferença. Não imagino coisa pior para um político.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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