Não se sabe bem quando de fato começou o PT, nem de qual cabeça surgiu a idéia de usar um operário e com ele chegar ao poder. Obviamente não partiu da cabeça de Lula. Foi coisa de intelectuais. Na época em que o partido foi criado o atual presidente da República queria apenas ganhar uns trocados a mais para tomar cervejas com os amigos depois do jogo do Corinthians. A intelectualidade que o cercou percebeu, com raro senso de oportunidade, o que ele poderia representar. Lula encarnava o acesso às massas. Lula era o elo de ligação entre a teoria e a prática, um diamante bruto necessitando apenas de polimento. Foi iniciada a construção do operário. Nasceu o mito Lula, um "símbolo" de fé. Homem simples e puro, quase santo. Ignorante é verdade, mas ungido pelos deuses. O mestre de obras do PT foi José Dirceu. Sem ele o partido não existiria e Lula seria apenas um ex-metalúrgico aposentado lutando para chegar vivo ao fim do mês. O projeto de poder durou mais de vinte anos para vingar. Como era apenas um projeto de poder, acabou em si mesmo. Uma vez lá, o partido ficou na situação do cachorro que persegue o carro. Quando este pára, fazer o quê? Ontem uma parte do PT afundou. José Dirceu é carta fora do baralho e não retornará mais à berlinda. Lula deve estar atônito. O sonho está terminando e o despertar se anuncia amargo. É triste ver uma figura como Roberto Jefferson posando de moralista. Como será que tudo isso vai terminar? Certamente não será em pizza.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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