O desfalque nas contas municipais era bastante engenhoso. A lista de funcionários, impressa em formulário contínuo, continha nomes fictícios colocados na linha divisória das páginas. O computador lia os nomes e os valores, mas na hora da impressão nada aparecia. No final, obviamente, sobrava dinheiro. O excedente era depositado numa conta de estorno, da qual o funcionário agora hospitalizado tinha controle. O montante era então desviado para outras contas. Agora é checar para onde ia. O esquema de lavagem ainda não está esclarecido, mas não deverá ser difícil para os policiais. Um bom indício é seguir os negócios do suspeito, onde está incluída uma firma de compra e venda de automóveis. A prática do uso de agências de automóveis para lavar dinheiro é conhecido da polícia. É um dos meios preferidos pelos traficantes. Também não é difícil concluir que tem peixe graúdo na jogada. O esquema era muito complexo para uma única pessoa. Além disso, há os três encapuzados incompetentes que tentaram o assassinato. História de difícil digestão. Por que não mataram? Três contra um num lugar ermo e deram apenas uma facada. Se, no entanto, tudo aconteceu como na versão vigente, então é o caso de tomar precauções. O suspeito deve convocar uma coletiva de imprensa e abrir o bico, contar tudo. Quem faz parte do esquema? Nome, endereço, RG e CPF. Perdido por perdido, melhor garantir a sobrevivência. Do jeito que as coisas estão, há risco de vida. Parece filme de gangster! Na verdade para ser filme de gangster só falta o filme.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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