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COLUNISTA
Alexandru Solomon
22/12/2016 - 05h41
Vamos filosofar
 
 
Conversa (des)afinada

Caixa dois. Definida pelo preclaro Delúbio como recursos não contabilizados.

Muito bem. Quando uma empresa forma caixa dois? Quando vende sem nota ou quando paga valores inferiores ao oficialmente combinado.

No caso dos financiamentos de campanhas, as Oderbrecht, OAS da vida não faziam caixa dois a partir do superfaturamento. Superfaturamento é uma safadeza combinada entre corrupto e corruptor para pagar valores maiores do que uma obra ou serviço valem, fruto de uma concorrência com cartas marcadas. Hoje vence A, amanhã será a vez de B etc. Uma ponte cujo valor normal seria CEM é FATURADA A MAIOR, DIGAMOS DUZENTOS.

Esse valor entra no caixa da empreiteira, sendo consequência de um acordo de toma lá, dá pro papai, em troca de qualquer “bobagem” (garantia de novos contratos, com ou sem formação de cartel etc.) e sai, claro, uma grana para campanha, ou para algum mimo, tríplex, colar, pagamentos a gestantes etc.

É uma safadeza, mas não é caixa dois. É dinheiro resultante de algo combinado. Tudo em ‘ordem’.

Para dar uma saída propínica as empresas tinham de se virar de alguma forma e isso jamais foi escrito em contrato algum, tudo no fio do bigode, acordo de “cavalheiros”. Contratos fajutos com papelarias inexistentes, com cervejarias amigas, com promoção de eventos culturais etc. (a lista não se esgota aí). Certo? Aí, sim, não pagavam o combinado e a papelaria do Zé faxineiro falecido em 1990, vulgo testa de ferro, tinha a sua contabilidade arrebentada. Follow the Money.

Entendo perfeitamente a lógica cínica de quem diz: Minha campanha não foi financiada com caixa dois. O “ingênuo” beneficiário dos mimos sabe que favoreceu uma empreiteira, mas o tesoureiro da campanha recebe um cheque quente e não há TSE que, pelo cheiro do cheque, TED ou outro instrumento, possa identificar (oficialmente) a origem malsã da doação.

Daí os protestos: Tudo que recebi foi dinheiro que registrei no tribunal eleitoral. Falo de porcaria bem feita, não há lugar para amadores. Podem delatar ad nauseam, o beneficiário dirá que para ele foi tudo legal. O advogado do delatado baterá nessa tecla até a morte. O problema surge quando aparecem mimos extravagantes, incompatíveis com a renda do canalha distraído.

Claro que houve um acerto anterior, que a ponte ou o estádio custou à viúva mais do que uma concorrência limpa acarretaria, e se não foi o suficiente para aplacar a fome, para que existem os aditivos de contratos? Mas esse ‘detalhe’, mesmo se confessado, poderá no máximo (ironia) deslustrar a figura do político corrupto e do Empreiteiro beneficiado posteriormente. Nas novas eleições, os eleitores darão razão ao Pelé!

Resumindo: o financiamento de campanha não foi (em geral) produto de caixa dois, foi produto de “operação estruturada” que beneficiou terceiros e que repassaram a bufunfa - mordendo um pouco, pois não há sistema sem perdas, não é mesmo? É a segunda lei da Termodinâmica! Claro, há escorregões como doações em dinheiro vivo, mas…

PENSE, como dizia antigamente o Watson da IBM.


Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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