Poetema
Um ambiente deprimente, só tem aves de rapina, É difícil dar palpite. Opinar não tem valia. Basta ler os noticiários; são motivos de azia, Pra saber a importância de uma Jeane, cafetina. Bem à moda do sinistro, do Jack dito estripador Dissecar é a idéia. Pode ser até que adiante. Pátria amada se contorce, mesmo assim segue avante. Temos um valerioduto, o que falta é pudor. Tudo tem uma desculpa, um pretexto um motivo. A propina conhecemos; não há nisso novidade É rotina consagrada e já tem antiguidade. Mas o lixo de antanho, mais parece aperitivo. Um Marinho nos Correios foi a falha perdedora. Jefferson de acuado se transforma em tribuno. É um jogo de espelhos, um herói ou um gatuno? E o caixa dois, senhores, vira caixa de Pandora! Muito bem, primeiro passo nesse quadro de azeviche. Um pacote de maldades, que no fim eram verdades. Com espanto descobrimos maços de indignidades. E os pinos vão caindo. É a CPI boliche. Aprés moi, vem o Delúbio e depois a debandada, O PeTê de tão honesto não encontra seu destino, Cai Silvinho, Dirceuzinho e por fim o Genoino Caixa dois é a desculpa dessa triste mascarada. Com IBOPE garantido, vamos revirar o lixo. Nosso nobre presidente, faz turismo no Brasil Mesmo se um deputado custa só uns trinta mil. Nosso grande estadista não dá bola pro bochicho. É manobra da direita, nossa mídia foi comprada! Da direita de quem entra ou talvez é de quem sai? Mas em vez de haraquiri nosso nobre samurai. Vitupera aos quatro ventos, pois jamais soube de nada. Entrevista parisiense. A repórter diz Eureca. Tudo isso se fazia para que esse espanto? E por que não usar dólar, afinal ninguém é santo Para que guardar no banco, para que existe cueca? Bolsa desce dólar sobe. Sentem o leão é manso! Vem o Duda lacrimoso, mais parece uma vestal Mesmo se seu paraíso é apenas o fiscal, Nada disso é Bossa Nova, mesmo com doce balanço. O PeTê quer Azeredo, Heloisa em falsete Se esfalfa indignada; a Denise obtempera Nosso gentleman Arnaldo mete o pau e não ‘manera’ Uma troca de sopapos, ou batalha de confete? Amir Lando vai tocando CPI alternativa As perguntas são as mesmas e o lixo é parelho. Se ao menos essa turma se olhasse no espelho, Pode ser que abandonasse a pilhagem compulsiva. Descobriram o Buratti, quase que vira a mesa, Acusado foi Palocci, que negou. Qual o mistério? Declarou estar disposto a largar o ministério. Mas Palocci tem seu trunfo; por só ter a língua presa! A impune bandalheira foi seguindo o seu curso A auréola petista derreteu feito sorvete Já dizia o Bicudo: o que falta é tapete O blindado presidente não governa, faz discurso! E preciso estadistas a guiar nosso destino Com cosméticos faltando, não há mais caras-pintados E cuidado: Com o Lula e Alencar defenestrados, Qual o nome do castigo? Presidente Severino! Alguns anos se passaram, e a cena mal mudou Não foi falta de notícias, novas safras vem chegando Petrolões e outros mimos foram se acumulando E um poste de prestígio O Congresso despachou. Essa parte do relato me parece a mais bonita Mas será que a Lava jato vai mudar a nossa sorte Já que agora ameaça a antiga e nova corte A tortura tudo indica me parece infinita.
Nota do Editor: Alexandru Solomon, formado pelo ITA em Engenharia Eletrônica e mestrado em Finanças na Fundação Getúlio Vargas, autor de “Almanaque Anacrônico”, “Versos Anacrônicos”, “Apetite Famélico”, “Mãos Outonais”, “Sessão da Tarde”, “Desespero Provisório”, “Não basta sonhar”, “Um Triângulo de Bermudas”, “O Desmonte de Vênus”, “Plataforma G”, “Bucareste”, “A luta continua” e “A Volta”. Nas livrarias Cultura e Siciliano. E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br.
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