Vou aqui esclarecer o porquê da minha posição contra a "CPI dos Quiosques". Na verdade não me entusiasmam muito as CPIs. Cito dois exemplos recentes, um federal e outro municipal que acabaram em pizza e que reforçaram a minha aversão a esse expediente investigativo. No âmbito federal houve a CPI do Banestado, que seria o ponto final nos caixas dois do país e acabaria com a sangria das finanças brasileiras. Sua missão quase divina era apontar os culpados pelo envio de bilhões de dólares ao exterior, dinheiro suficiente para tirar o Brasil da incômoda posição de penúltimo colocado do planeta em distribuição de renda. Depois de todo estardalhaço que houve, nada se apurou, ou se algo foi apurado não foi dado à luz. Fora uma lavadeira aqui e um pintor de paredes ali, na rede não caíram peixes graúdos. Em Ubatuba aconteceu a CPI da Comtur. Cheguei a pensar que seria o fim dos desmandos na área turística. Finalmente teríamos planejamento adequado para o setor. A Comtur hoje está paralisada, imobilizada, a CPI serviu apenas para dar visibilidade política a alguns vereadores que dela fizeram uso para alavancar suas carreiras. Embora haja processos em curso, faço a pergunta: e daí? Resolveu? Vamos repetir a dose? Sugiro aos leitores que acessem o "Google" e procurem "CPI da Comtur". Leiam e verão quem ganhou. De uma coisa eu tenho certeza, não foi a cidade. Nada contra as CPIs acabarem em pizzas, que aprecio muito. Há que se ressaltar o contraditório, como jornalista confesso gostar delas. No entanto, tenho certeza que do ponto de vista técnico, estão longe de ser um esquema adequado de investigações. O trabalho de polícia necessário para uma instrução processual é complexo e cheio de minúcias legais. Vereadores, com raras exceções, não têm formação nem experiência para exercê-lo. Muito menos os de nossa Câmara. Quem duvida disso que vá assistir a uma sessão. Enfim, a questão da Praia Grande é abrangente, seria bom que os envolvidos sentassem numa mesa de negociações, dispostos a negociar. Hoje querem apenas levar vantagem. Desta vez Ubatuba não vai tolerar protelações, existe um problema agudo que deve ser solucionado. Cabe ao Executivo fazê-lo. A sociedade não vai tolerar a solução que está no ar. Uma simples adequação dos quiosques, feita por uma comissão que surgiu de repente, sem que a maioria fosse consultada. Tenho informações que setores organizados estão se preparando para entrar na Justiça. Com isso as obras serão embargadas "ad eternum" e o desgaste político decorrente da "omissão", incomensurável. Antes que aconteça, seria importante resolver o problema racionalmente, não com o fígado, como querem alguns. A Praia Grande precisa ser urbanizada. Tudo o mais será inútil.
Nota do Editor: Sidney Borges é jornalista e trabalhou na Rede Globo, Rede Record, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo (Suplemento Marinha Mercante) Revista Voar, Revista Ícaro etc. Atualmente colabora com: O Guaruçá, Correio do Litoral, Observatório da Imprensa e Caros Amigos (sites); Lojas Murray, Sidney Borges e Ubatuba Víbora (blogs).
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